Acessibilidade em parques: 5 atividades que podem ser praticadas em unidades de conservação

Selecionamos 5 exemplos de atividades que ampliam a acessibilidade em parques – e que podem ser desenvolvidas para estimular que cada vez mais pessoas possam aproveitar os momentos ao ar livre e a conexão com a natureza.

08/07/2024

Estar em contato com a natureza traz benefícios comprovados cientificamente a todas as pessoas. Seja em relação a saúde ou bem-estar, a proximidade com ambientes naturais proporciona melhorias em diferentes áreas. Mas como é a acessibilidade em parques naturais? Será que estes benefícios estão ao alcance de toda a população?

Neste ano, a campanha Um Dia no Parque traz o tema “Natureza para todas as pessoas” e, com ela, o desafio de tornar acessíveis as atividades em unidades de conservação. Uma pauta urgente, já que mais de 18 milhões da pessoas têm deficiência no Brasil – 3,4% da população brasileira têm mobilidade reduzida e outros 3% têm alguma deficiência relacionada à visão, por exemplo, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2022 do IGBGE.

É natural que, ao nos depararmos com estes números, lembremos da acessibilidade em parques. Afinal, a relação com ambientes naturais está comumente associada a desafios físicos, como caminhadas, subidas de montanhas e observação do ambiente silvestre. Mas é importante saber que é perfeitamente possível que uma parcela cada vez maior da população esteja incluída e tenha acesso aos parques naturais do Brasil.

Em uma rápida pesquisa pela internet é fácil de encontrar diversas iniciativas em parques por quase todo o país que promovem a inclusão e a acessibilidade em parques. Na campanha Um Dia no Parque deste ano, por exemplo, existem dezenas de inscrições de atividades voltadas para pessoas idosas, crianças e PcD (Pessoas com Deficiência).   

Acessibilidade em parques e vocação turística

Aqui, é importante uma mensagem a gestoras, gestores e qualquer pessoa que atue em um parque natural: qual atividade acessível a sua Unidade de Conservação pode exercer? É preciso entender qual a vocação turística do local em que você atua, identificando os melhores caminhos e conversando com a comunidade. 

Neste texto, trouxemos 5 exemplos de atividades que ampliam a acessibilidade em parques – e que podem ser desenvolvidas para estimular que cada vez mais pessoas possam aproveitar os momentos ao ar livre e a conexão com a natureza tão benéfica para corpo e mente.

Trilha sensorial no Parque Nacional do Itatiaia (MG/RJ) | Foto: Acervo do parque

 – Trilha sensorial

É uma atividade que pode ser feita em praticamente qualquer ambiente natural, aproveitando os caminhos, a flora e a fauna do local. O grande diferencial deste tipo de trilha é que ela é feita com preparação anterior: o ideal é passar por caminhos que ofereçam texturas, aromas e sensações distintas para quem participa da atividade.

É um trajeto em que o toque em árvore, o cheiro das plantas e a brisa do vento trazem percepções únicas em meio ao ambiente natural.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para: pessoas idosas, crianças, deficientes visuais e pessoas com deficiência auditiva.

– Trilha com cadeira Julietti

Em geral, a realização de trilhas é algo associado somente a quem quer andar muito. Nos últimos anos, porém, isso felizmente tem mudado. O desenvolvimento de novas técnicas e a tecnologia têm atuado ao lado do turismo, ampliando a acessibilidade em parques e a locais que antes eram inacessíveis a quem utiliza cadeira de rodas.

As cadeiras Julietti são a razão principal disso: com elas, pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida podem acessar trilhas e viver experiências ricas em diversos ambientes naturais, com terrenos irregulares e montanhosos.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para: PcD ou mobilidade reduzida.

Trila com cadeira Julietti no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO) | Foto: Fernando Tatagiba/Acervo ICMBio

– Brincadeiras ao ar livre

Brincadeiras ao ar livre, além de ampliarem a inclusão das crianças nos parques, são uma ótima oportunidade para aproximar parques naturais de escolas e centros educacionais das comunidades do entorno.

São diversos tipos de brincadeiras que podem ser feitas aproveitando a conexão com a natureza. Algumas delas são a caixa dos sentidos, em que as crianças pegam nas mãos elementos da natureza e tentam identificar sem olhar. Também existe o alfabeto na natureza, em que as crianças exploram o parque construindo um dicionário a partir de elementos encontrados no entorno.

Vale lembrar: segundo o Programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, o contato com o ambiente natural melhora diversas características de uma infância saudável, como imunidade, memória, sono, capacidade de aprendizado, sociabilidade e capacidade física.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para: especialmente crianças, mas também podem incluir outros grupos de pessoas, como aquelas com deficiência intelectual.

Em edição recente da SemeiaLive, falamos sobre como promover experiências acessíveis nos parques. A gerente do Parque Estadual da Lapa Grande, em Minas Gerais, apresentou uma série de experiências práticas sobre como integrar crianças, pessoas idosas e com deficiência ou mobilidade reduzida nas atividades do parque. Confira e inspire-se:

– Banho de mar com cadeira anfíbia

Outra atividade que tem ganhado espaço nas praias e parques marinhos de todo o Brasil são os banhos de mar com cadeira anfíbia. Com extenso litoral e uma infinidade de rios e lagos, nosso país tem tudo para ampliar a acessibilidade em água para a parcela da população com mobilidade reduzida.

Com as cadeiras deste tipo, pessoas que antes não tinham acesso a um banho de mar agora podem experimentar esta sensação única. Por ora este é um tipo de atividade bastante ligada a praias – inclusive praias dentro de parques, como o Parque Estadual de Ilhabela (SP) e o Parque Nacional de Fernando de Noronha (PE). Mas é perfeitamente possível realiza-la também em ambientes de água doce.

Vale a visita: no site Viaje com Acessibilidade é possível ver diversos locais que contam com esta atividade; e o sorriso no rosto das pessoas é de aquecer o coração.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para: PcD ou mobilidade reduzida.

– Caminhada interpretativa

Diferentemente da trilha sensorial, a caminhada interpretativa propõe outros tipos de sensações. A ideia principal é estimular o cérebro ao mesmo tempo em se vivencia o ambiente natural.

Existem diversas formas de se propor esta interpretação do ambiente. Uma delas é olhar um parque natural e o entorno dele buscando compreender as interações humanas com o ambiente, os aspectos visíveis da conservação de um ambiente natural, as diferenças nos sons e também o que não se percebe tão facilmente. Outra maneira é estar em um local específico no parque e encontrar pontos de informação sobre os elementos: árvores, sons de pássaros, tipo de solo, plantas, flores, águas e o que mais tiver no local – e estimular a conversa e as percepções sobre eles.

Como dá para notar, são inúmeras as possibilidades de se realizar uma caminhada interpretativa dentro de qualquer unidade de conservação. E mais: é uma forma muito eficaz de valorizar a proximidade com ambientes ao ar livre e trazer as pessoas para cada vez mais próximas dos parques naturais.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para: pessoas idosas, PcD ou com mobilidade reduzida, crianças, deficientes visuais e pessoas com deficiência auditiva.

Se você é gestor ou gestora de um parque ou unidade de conservação, que tal se inspirar em nossas dicas para promover atividades acessíveis nos parques? E você, visitante, marque na agenda: o Um Dia No Parque acontecerá no dia 21 de julho. Pesquise pelas atividades mais próximas de sua casa e viva esse dia com a gente!

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