Parques saudáveis, pessoas saudáveis: como o contato com parques naturais e urbanos pode auxiliar uma sociedade mais saudável

O contato com parques naturais e urbanos ajuda e fortalecer a saúde pública, prevenindo doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes.

04/04/2024

Parque do Povo (São Paulo - SP) | Foto: Foto: caio acquesta/iStock

Vivemos dias repletos de telas, informações rápidas e sensação de sobrecarga das tarefas e responsabilidades que se acumulam. Embora passe despercebido por muitas pessoas, o contato com a natureza pode ajudar a reduzir significativamente esses sintomas – com efeitos sobre a saúde e o bem-estar cientificamente comprovados.

Um estudo científico intitulado A Vitalidade das Florestas, encabeçado pelo WWF, traz indicativos de que atividades em ambientes naturais conservados previnem diversas doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes, por exemplo.  O estudo completo, em inglês, pode ser visto aqui.

Este contato direto com o ambiente natural e as vantagens que ele traz às pessoas são a premissa principal do conceito Healthy Parks, Healthy People. Implementado há mais de 20 anos em vários países, ele chegou ao Brasil recentemente com o nome Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis – ainda neste texto falaremos mais sobre a iniciativa brasileira. 

Com grande relevância especialmente na Fundação Park Victoria, na Austrália, o programa tem unido a conservação ambiental com a agenda da saúde, trazendo inúmeros benefícios para pessoas de diferentes idades, pelo simples fato de passarem mais tempo em contato com a natureza. Segundo Tony Varcoe, diretor da Fundação, “uma estimativa conservadora avalia que o estado deixa de investir cerca de 250 milhões de dólares do sistema de saúde por ano, incentivando as pessoas a visitarem os parques”.

E é importante lembrar: quando falamos em parques, não estamos dizendo apenas os grandes e famosos Parques Nacionais; falamos também em parques urbanos, aqueles que estão dentro das cidades, além de diferentes unidades de conservação e áreas protegidas.

“A quantidade de benefícios que a conexão das pessoas com parques pode trazer é gigantesca. Programas e projetos com esses objetivos corroboram com o trabalho do Instituto Semeia ao longo dos últimos anos para potencializar a visitação nesses espaços e para que mais pessoas tenham acesso aos impactos positivos da natureza.  Apoiamos a iniciativa para que outras como esta possam ser viabilizadas no Brasil”, comenta Mariana Haddad, coordenadora de conhecimento do Semeia.

Parque da Aclimação (São Paulo – SP) | Foto: Foto: Rafael_Tozetti/iStock

Iniciativa no Brasil

Sob a liderança do WWF Brasil em colaboração com o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP), o projeto Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis foi implementado no Brasil como experiência piloto em 2023.

Nele, 17 pessoas da cidade de São Paulo, com mais de 50 anos, foram selecionadas para participar. A ideia principal era comparar o grau de bem-estar, conexão com a natureza, sofrimento psíquico e vitalidade destas pessoas após quatro sessões de banhos de floresta em parques urbanos paulistanos.

Os chamados banhos de floresta são um conceito japonês, que surgiu na década de 1980. O objetivo era aproveitar a relação entre as pessoas e natureza, e os frutos positivos foram vistos rapidamente no país do Sol nascente – veja mais sobre a ideia clicando aqui.

A experiência do piloto realizado em São Paulo (SP) comprovou as pesquisas realizadas em outros países. A mensuração foi feita em três etapas com as pessoas participantes: a primeira delas antes de cada sessão, a segunda logo após e a terceira 30 dias depois.

As quatro escalas de saúde avaliadas apresentaram níveis de satisfação superiores logo após a realização de cada uma das sessões: Escala de Conexão com a Natureza, Escala de Bem-Estar da OMS, Escala de Vitalidade Subjetiva e Escala de Sofrimento Psíquico.

Mais do que o resultado científico do programa, a sensação das pessoas que visitaram parques urbanos através da iniciativa Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis é de bem-estar físico e mental. Frases como “me senti muito bem em contato com a natureza” e “continuo frequentando o parque e levando meus netos” foram comuns na finalização do programa.

Parque Flamboyant (Goiânia-GO) | Foto: weber Santana/iStock

Por que frequentar parques próximos à sua casa

De acordo com o WWF Brasil, o programa realizado na capital paulista trouxe “aprendizados importantes e reforçou a necessidade de seguir investindo no eixo capacitação/sensibilização de profissionais de saúde”. A ideia é capacitar gestoras e gestores de parques e outras áreas naturais protegidas, para que iniciativas similares possam acontecer.

“O contato com a natureza promove a saúde das pessoas e auxilia na prevenção de doenças. Da mesma forma, chamar a atenção das pessoas para a valorização dos parques também ajuda a preservar a natureza. Incluir atividades de pessoas em parques, ou unidades de conservação, em suas rotinas e promover atividades de empresas, seja em capacitações ou rotinas diárias, nesses espaços também contribui para a conservação e saúde do planeta e de quem mora nele. O PSPS tem esse duplo objetivo”, explica Felipe Feliciani, analista de conservação no WWF-Brasil.

Além dos estudos já apresentados neste texto, outras pesquisas científicas trazem dados que comprovam a premissa “parques saudáveis, pessoas saudáveis”. Um deles foi realizado em parceria por Einstein, Instituto Butantan e Universidade Tecnológica Federal do Paraná e traz dados indicando que fotografias de natureza podem reduzir dor e ansiedade em pacientes quimioterápicos.

Com 173 pacientes participantes, o estudo apontou que, quando viam imagens de natureza, as pessoas relatavam redução em sensações e sentimentos como falta de ar, dor, tristeza e ansiedade. São muitos pontos positivos apresentados no estudo; indicamos que você clique aqui para saber mais.    

Para além do programa Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis, realizar atividades em parques urbanos é algo que está ao alcance de boa parte da população. Recentemente, a Nature publicou um estudo da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, apontando que caminhar 40 minutos em meio à natureza auxilia na capacidade de atenção e diminui o desgaste mental.

Outra publicação, esta do WWF, aponta que parques naturais trazem benefícios para todas as idades – crianças, adolescentes, adultos e pessoas idosas. A produção lembra que nos Estados Unidos, por exemplo, tem se tornado cada vez mais comum que médicos prescrevam tempo na natureza para tratar doenças como diabetes, depressão e hipertensão arterial.  Em um momento da humanidade em que a saúde mental tem sido foco de estudo e discussão como em nenhuma outra era, saber que parques naturais e urbanos podem ser aliados importantes para o bem-estar humano é de grande valia.

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