Conheça o Parque Nacional de Anavilhanas

Acessível o ano todo, região simboliza o coração de um grande mosaico de áreas protegidas na Amazônia e abrange o segundo maior arquipélago fluvial do mundo

09/11/2021

É impossível conhecer o Parque Nacional de Anavilhanas e não se apaixonar. Banhado pelas águas do rio Negro, o sétimo maior rio do mundo em volume de água, e situado no corredor central da floresta amazônica, esta região de natureza selvagem possui belezas raras e únicas que podem e merecem ser contempladas o ano todo.

Criado como Estação Ecológica em 1981 e alçado à categoria de Parque Nacional em 2008, Anavilhanas abrange um arquipélago de aproximadamente 400 ilhas e 60 lagos, além de furos, canais, praias e igapós.

Sua área total é de 350 mil hectares distribuídos nos municípios de Novo Airão e Manaus. O território é 60% coberto por água e 40% de terra firme, onde, entre as épocas de cheia e de seca do rio Negro, a variação é de 8 a 10 metros de profundidade.

“O Parna Anavilhanas é uma área excepcional, enquanto diversidade biológica e de paisagem, e é um sítio do Patrimônio Natural da Humanidade da UNESCO”, destaca a gestora do parque, Leila Mattos. “Também é considerado um sítio Ramsar, ou seja, uma importante área úmida, e faz parte do Mosaico de Áreas Protegidas do Rio Negro. Além disso, é reconhecido como uma Reserva da Biosfera da Amazônia Central e, ainda, Corredor Central da Amazônia”.

Por estar localizado em uma hidrovia que liga o Alto Rio Negro à Manaus, o parque não possui cobrança de ingresso e acesso é livre durante o ano inteiro. Esta característica torna difícil saber ao certo a quantidade de visitantes, porém, conforme a estimativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cerca de 30 mil turistas por ano passeiam pelo arquipélago, a maioria das regiões Sudeste e Sul do Brasil e de países da Europa.

UM PARQUE PARA VISITAR MAIS DE UMA VEZ

Praias de água doce ou trilhas aquáticas de igapó? O visitante que pretende ter a experiência completa do Parque Nacional de Anavilhanas precisa vir duas vezes: no verão amazônico, período de setembro a fevereiro e mais procurado pelos turistas, e no inverno amazônico, o mais chuvoso, que ocorre entre os meses de março e agosto.

O parque não oferece guias. Portanto, o visitante é responsável por contratar serviços turísticos, assim como transporte, hospedagem e alimentação.

Para ajudar no planejamento, o ICMBio oferece o contato de empresas, condutores e profissionais diversos em seu Guia do Visitante.

Aracari, Bararoá, Camaleão, Folharal (ou Canauirí), Iluminado, Meio, Orla, Sobrado e Tiririca são as praias mais visitadas durante o verão amazônico. Com exceção da praia da Orla, alcançável por terra firme, todas as praias do arquipélago são acessíveis exclusivamente pelo rio.

E por falar em rio, o Negro não tem esse nome à toa. Sua coloração é o resultado de processos de decomposição de sedimentos orgânicos, como restos de folhas e troncos.

Próximo da superfície, a cor da água é mais avermelhada, lembrando ferrugem ou bronze, dependendo de como reflete a luz.

Na cheia, as praias ficam submersas e dão lugar a um labirinto de árvores alagadas e passagens quase infinitas.

Esse fenômeno é o que marca as florestas de igapó, que são trechos invadidos por enchentes, cujas águas permanecem estagnadas por um determinado tempo.

É também nessa época que acontece o circuito de trilhas aquáticas que partem de Novo Airão.

O principal é a trilha de longo curso Caminhos do Rio Negro, que pretende conectar as trilhas aquáticas e terrestres de todas as unidades de conservação que integram o Mosaico do Baixo Rio Negro. Em Anavilhanas, são cerca de 50 km.

Essas mesmas trilhas também podem ser percorridas durante a seca, proporcionando outra experiência. Andorinha e Miritupuca, as principais trilhas terrestres de igapó, são curtas e de fácil acesso, próximas de Novo Airão.

Já as trilhas de terra firme Bariaú e Apuaú são as únicas abertas à visitação o ano todo, pois não são atingidas pelas enchentes. O acesso se dá pela Base 2 do ICMBio e exige maior preparação física dos visitantes.

Bariaú fica em uma área remota e distante cerca de duas horas de voadeira (tipo de embarcação rápida) até o início da trilha, partindo de Novo Airão. Essa trilha oferece maiores chances de avistar uma grande variedade de animais terrestres como anta, paca, porco-do-mato e ariranha. Por sua vez, Apuaú, distante cerca de 40 minutos de voadeira, também partindo de Novo Airão, concentra maior variedade de árvores frutíferas, sendo bastante comum avistar tucanos, papagaios e outras aves se alimentando.

Percorrer as trilhas de terra firme ou de igapó proporciona uma experiência mais íntima com a floresta amazônica. Foto: Josângela Jesus / ICMBio.

Dependendo da disponibilidade do visitante, em apenas um dia é possível conhecer algumas das principais praias, navegar por entre o igapó ou percorrer ao menos uma das trilhas mais famosas, avalia o ICMBio.

Entretanto, embora o parque ofereça várias experiências em qualquer época do ano, o visitante precisa ficar atento às regras. “Não são permitidas as atividades de caça e pesca e a coleta de plantas. Também não é permitido som alto, fogos de artifício e presença de animais domésticos, como cães e gatos. Para fazer acampamento nas praias e ilhas, assim como a realização de eventos, precisa de autorização do ICMBio”, alerta Leila Mattos.

FLORESTA ENCANTADA E SANTUÁRIO DE ANIMAIS

O Parque Nacional de Anavilhanas é berçário para centenas de espécies de animais, oferecendo abrigo e alimentação.

Durante o passeio, inclusive, não é permitido o contato com os animais silvestres, exceto pela interação monitorada no Flutuante dos Botos.

Contudo, não vão faltar bichos para filmar e fotografar.

Segundo o ICMBio, constam no Plano de Manejo um total de 41 espécies de mamíferos, 41 de répteis, 30 de anfíbios, 281 de aves e 368 de peixes em todo o território. 

O destaque da fauna é o boto cor-de-rosa ou boto-vermelho, protagonista de uma das mais antigas lendas amazônicas: seria capaz de se transformar em homem para seduzir e engravidar mulheres.

Apesar de ser uma das principais atrações turísticas e considerado o símbolo do rio Negro, o mamífero aquático faz parte da lista de espécies ameaçadas de extinção que vivem no arquipélago. Além do boto, o parque ainda abriga uma série de animais: peixe-boi, anta, ariranha, tamanduá-bandeira, tatu-canastra, cachorro-vinagre, cachorro-do-mato e porco-do-mato. Entre os felinos sob proteção estão onça-pintada, onça-preta, onça-parda, onça-vermelha e gato-maracajá.

Os felinos da Amazônia ameaçados de extinção, como a onça-pintada, encontram refúgio no Parque Nacional de Anavilhanas. Foto: Rogério Cunha / ICMBio.

Como não poderia deixar de ser, a flora também é muito rica, com a presença de 788 espécies de plantas catalogadas.

O destaque são os macucus gigantes, árvores que facilmente ultrapassam os 30 metros de altura e que oferecem tanto condições para a prática de escalada e rapel, quanto uma visão panorâmica do parque.

Assim como o contato com animais é vetado, as atividades de coleta e consumo de frutos e raízes da flora nativa são proibidos, afirma o ICMBio.

Mesmo para a população local há tolerância na coleta de açaí, buriti, patauá e bacaba, espécies encontradas em abundância. Já a espécie mais vulnerável atualmente é a ucuuba, árvore colossal que atinge cerca de 60 metros de altura e cuja semente é bastante usada nas indústrias cosmética e farmacêutica, devido sua ação antiinflamatória e revitalizante.

O Parque Nacional Anavilhanas é um importante patrimônio da humanidade e toda a sua beleza e peculiaridades devem ser usufruídas da maneira mais adequada possível. Assim, a unidade de conservação será mantida como uma importante via de desenvolvimento local, por meio do turismo responsável”, destaca Leila Mattos.

O QUE FAZER NO PARQUE ANAVILHANAS

Além das praias fluviais e das trilhas aquáticas e terrestres, Anavilhanas ainda oferece diversas opções de turismo. As principais atrações podem ser vistas aqui e neste mapa do ICMBio.

De qualquer modo, recomenda-se estar com a vacina contra a febre amarela em dia e guardar os objetos pessoais em sacos plásticos, principalmente nas atrações que envolvem água. O acesso ao parque é gratuito, porém, o valor das atrações é variado, podendo custar algo em torno de R$ 20,00 ou superar os R$ 3.000,00.

Em Novo Airão, o Flutuante dos Botos é um dos lugares mais conhecidos e procurados. Está em operação há 20 anos e, atualmente, funciona com horários pré-definidos durante o dia.

A atração consiste na alimentação dos botos seguindo as normas do ICMBio, que visam a preservação da saúde e integridade física desses animais.

Ainda no município é possível visitar a Associação dos Artesãos e conferir o trabalho realizado pela população local, além de garantir um presente para familiares e amigos.

Os tapetes, bolsas, cestos e vários objetos são feitos a mão com as tiras de arumã, uma planta que cresce em áreas alagadas.

Já o modo de trançar é uma herança dos índios da etnia Baré e é passado de geração em geração para homens e mulheres.

Já os amantes de aventura podem fazer uma escalada em árvores, uma atividade de subida e descida (rapel) em verdadeiros gigantes da natureza.

Essa atração é oferecida exclusivamente em pacotes por agências de viagens e empresas de turismo de aventura. 

Subindo o rio Negro, os visitantes podem conhecer as ruínas de Velho Airão. A cidade de Airão foi abandonada na década de 1950, supostamente devido a um enxame de formigas-de-fogo que matou parte da população. Por causa dessa trágica história, Velho Airão, como ficou conhecida depois, ganhou o status de cidade-fantasma. Apenas um eremita, o japonês Shigeru Nakayama, 72, habita a antiga cidade e conta a história do lugar.

Na dúvida sobre qual atração começar? Então, considere contratar os serviços de passeio náutico ou voo panorâmico para desfrutar o que a região tem de melhor: as águas.

O passeio náutico é mais proveitoso na época da cheia do rio Negro, percorrendo os canais, furos e igapós nas centenas de ilhas e ao longo dos rios Baependi e Bariaú, próximos da porção de terra firme do parque. Se quiser uma experiência ainda mais inesquecível, o voo panorâmico, partindo de Manaus, por hidroavião ou helicóptero, é considerado a melhor maneira de conhecer a imensidão do arquipélago fluvial.

ESFERA ADMINISTRATIVA

Federal

DATA DE CRIAÇÃO:

2 de junho de 1981 (Estação Ecológica); 29 de outubro de 2008 (Parque Nacional)

ESTADO:

Amazonas

MUNICÍPIOS:

Manaus e Novo Airão

BIOMA:

Amazônia

ÁREA TOTAL:

350.469,8 hectares

INFORMAÇÕES SOBRE A VISITAÇÃO

ENTRADA

Gratuita e sem necessidade de autorização.

FUNCIONAMENTO:

Todos os dias. Obs.: Para chegar ao Parque Nacional de Anavilhanas é preciso desembarcar, primeiramente, no Aeroporto Internacional de Manaus - Eduardo Gomes e, depois, seguir para Novo Airão. O tempo de viagem varia conforme o tipo de veículo: carro (3 horas), lancha rápida (3 horas), embarcação regional (9 horas), hidroavião (1 hora) ou helicóptero (45 minutos).

MAIS INFORMAÇÕES:

MAIS INFORMAÇÕES

+55 (92) 3365-1345 (horário comercial)

[email protected]

icmbio.gov.br/parnaanavilhanas

O Parque Nacional de Anavilhanas é aberto ao público o ano inteiro. Para viver a experiência completa, é necessário visitar o local em duas épocas do ano, durante a cheia e a seca do rio Negro.

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