O potencial dos parques bem geridos

Áreas protegidas podem cumprir propósito de conectar conservação ambiental, turismo e desenvolvimento socioeconômico

15/08/2023

Parque Nacional do Itatiaia (MG/RJ) | Foto Rodrigo Góes

Artigo de Mariana Santos, coordenadora de conhecimento no Instituto Semeia, publicado originalmente na Folha de S.Paulo

Medidas anunciadas recentemente pelo governo federal para ampliar a Unidade de Conservação (UC) Chocoaré – Mato Grosso (PA) e criar o Parque Nacional da Serra do Teixeira (PB), entre outras, são relevantes para o fortalecimento da agenda socioambiental. Mas tão importante quanto a criação é implementar na prática essas unidades e desenvolvê-las adequadamente. Isso, certamente, enfrenta uma série de desafios, muitos deles a serem superados inclusive nas UCs e parques já existentes.

A dificuldade para cuidar das áreas protegidas não é pontual e esbarra na falta de recursos estruturais. “Diagnóstico do Uso Público em Parques Brasileiros: A Perspectiva da Gestão”, estudo realizado pelo Instituto Semeia e disponível no site da instituição, mapeia as adversidades que os profissionais à frente da gestão de parques enfrentam. Os obstáculos vão desde a falta de instrumentos administrativos previstos pelo Sistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC), como plano de manejo e conselho consultivo, até de investimento e de recursos humanos. Há carência inclusive de infraestrutura básica, caso de banheiros e bebedouros, itens essenciais para o público.

Nesse contexto, é preciso destacar que os parques são espaços com o objetivo de conservar a biodiversidade brasileira e, ao mesmo tempo, conectar as pessoas à natureza. Portanto, parques melhores e bem geridos, tanto do ponto de vista ambiental quanto do uso público, podem prover à população opções de lazer, bem-estar e saúde física e mental. E também podem significar benefícios socioeconômicos.

A pesquisa “Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil”, do Instituto Semeia, estima que o aumento da visitação nesses espaços preservados tem potencial de gerar até R$ 44 bilhões ao PIB e criar cerca de 1 milhão de empregos. Não se trata de tarefa fácil, mas possível.

O aprendizado até aqui mostra que há alguns aspectos essenciais para atingir essas projeções, como fortalecimento dos órgãos gestores, valorização do patrimônio natural brasileiro e maior engajamento da sociedade. Há de se levar em conta ainda uma estratégia de políticas públicas que considere os temas meio ambiente e turismo de forma coordenada e transversal, aproveitando todo o potencial dessas áreas para a sociedade.

De fato, o Brasil protagoniza um momento positivo para adoção de políticas públicas em relação ao meio ambiente e está diante de uma janela de oportunidades que pode ajudar a consolidar o turismo nos parques de forma responsável e inovadora, com perspectivas para superar os desafios que se apresentam na gestão destes espaços e transformá-los verdadeiramente em vetores de desenvolvimento sustentável. A expectativa é que essa chance não seja desperdiçada.

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