Parcerias que Transformam a Experiência dos Visitantes em Parques Paulistas

Artigo por Daniel Raimondo e Silva – Fundação Florestal

19/11/2025

Nos últimos anos, as Unidades de Conservação paulistas têm se consolidado como laboratórios vivos de inovação na gestão do uso público. Por trás das trilhas, cachoeiras, mirantes e experiências que encantam visitantes, há uma engrenagem de parcerias diversificadas que tornam possível ampliar e qualificar o acesso da sociedade a esses espaços.

A Fundação Florestal, órgão gestor das Unidades de Conservação (UCs) do Estado de São Paulo, tem buscado diversificar os modelos de parceria. Os Termos de Autorização de Uso (TAUs) e Permissões de Uso têm se mostrado instrumentos úteis e eficazes para viabilizar experiências inovadoras e novas formas de visitar.

Essas parcerias permitem que operadores locais, monitores ambientais autônomos, guias, associações e cooperativas especializadas em atividades de natureza atuem de forma regularizada. São iniciativas que geram renda, estimulam o turismo sustentável e, ao mesmo tempo, contribuem para que o visitante vivencie o parque de um jeito novo — mais conectado, sensorial e educativo. 

Contrapartidas como instrumento de fortalecimento socioambiental

Os Termos de Autorização de Uso (TAUs) celebrados pela Fundação Florestal adotam um modelo de contrapartidas socioambientais que substitui a tradicional outorga financeira por ações concretas de apoio à gestão e à conservação da natureza

Em vez de repasses financeiros, os autorizatários contribuem diretamente para o aprimoramento dos atrativos, por meio de manutenção de trilhas, implantação de sinalização, apoio à infraestrutura e ordenamento das atividades de uso público.

Essas parcerias também geram benefícios sociais importantes. Os Termos preveem, por exemplo, atendimentos gratuitos a grupos específicos, como escolas públicas e comunidades locais, promovendo inclusão social e democratização do acesso aos parques.

Nas Unidades de Conservação costeiras, há ainda contrapartidas voltadas à remoção de espécies exóticas invasoras, como o coral-sol, reforçando o compromisso das atividades com a preservação da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

Esse modelo de contrapartidas representa uma forma moderna e cooperativa de gestão: cada atividade autorizada passa a contribuir diretamente para a sustentabilidade ambiental, social e operacional das Unidades de Conservação, fortalecendo o vínculo entre o poder público, os operadores e a natureza que todos buscam proteger.

Foto: Daniel R. Silva/Fundação Florestal

Experiências que surpreendem

Entre os exemplos recentes, estão as atividades de cachoeirismo, que combinam técnicas de rapel e canyoning em cachoeiras, como na Cachoeira das Esmeraldas, localizada no Parque Estadual Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba, em parceria recém formalizada. Essa modalidade, além de oferecer uma vivência de aventura segura, promove a valorização de atrativos pouco explorados e incentiva o cuidado com o entorno dos rios e trilhas.

Outra parceria de destaque tem sido a autorização para roteiros de caiaque em ambientes costeiros e estuarinos, com destaque para o Parque Estadual Serra do Mar – Núcleo Bertioga. Nessas atividades, o visitante percorre rios e manguezais conhecendo de perto ecossistemas sensíveis e a rica biodiversidade local. A iniciativa também estimula a atuação de operadores locais que utilizam embarcações não motorizadas, de baixo impacto ambiental e alto potencial educativo.

Também é possível se aventurar em roteiros de espeleoturismo vertical que combinam a visita a ambientes cavernícolas deslumbrantes e atividades de rapel dentro das cavidades, como no caso do Parque Estadual Caverna do Diabo, localizado no Vale do Ribeira. 

Mas talvez a experiência mais curiosa e encantadora seja a visita noturna para observação de cogumelos bioluminescentes no Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Sob a condução de monitores ambientais autônomos, o visitante percorre trilhas curtas após o anoitecer, em total imersão sensorial, observando fungos que emitem luz natural — Um espetáculo raro, que revela um lado oculto dos parques, onde a natureza se expressa de forma sutil e surpreendente.

Estes e muitos outros roteiros estão disponíveis ao público no site de ingressos da Fundação Florestal (Ingressos Parques Paulistas), nele é possível encontrar roteiros indicados para todo o tipo de público, desde crianças pequenas e idosos, até roteiros mais complexos que requerem maior conhecimento e técnica, além de uma página exclusiva com roteiros acessíveis. 

Um novo olhar sobre as parcerias

Essas experiências ilustram um movimento mais amplo: o de repensar o uso público sob a ótica da colaboração e da corresponsabilidade. Em muitos casos, autorização e permissão são instrumentos capazes de fomentar iniciativas em parques com menor fluxo de visitação, atividades sazonais ou projetos-piloto de inovação.

A Fundação Florestal tem buscado aprimorar os fluxos internos de análise e monitoramento desses instrumentos, garantindo transparência, segurança jurídica e alinhamento com os objetivos de conservação. A lógica é permitir que o poder público atue como facilitador — criando condições para que a sociedade participe da gestão do uso público e da vivência desses locais.

Essa abordagem aproxima o visitante, semeando a ideia de que os parques são, antes de tudo, espaços de convivência, aprendizado e pertencimento. Cada nova parceria contribui para ampliar o repertório de ferramentas disponíveis e reforçar o vínculo afetivo das pessoas com a natureza.

Parques como territórios de inovação

Ao diversificar seus modelos de parceria, a Fundação Florestal também amplia sua capacidade de dialogar com diferentes perfis de público e empreendedores. Projetos de turismo de aventura, observação da fauna, vivências culturais e práticas esportivas e de bem-estar estão entre as propostas que vêm sendo estruturadas.

Essas iniciativas possuem alto valor estratégico: permitem testar formatos, avaliar resultados e, quando bem-sucedidas, inspirar políticas públicas mais amplas. Em um cenário em que a demanda por experiências autênticas e sustentáveis cresce, as Unidades de Conservação se consolidam como espaços privilegiados para experimentação social, econômica e ambiental.

A transformação em curso não se dá apenas nas trilhas e atrativos, mas também na forma de pensar a gestão. A ampliação do uso público requer sensibilidade para equilibrar conservação e visitação, e posicionamento institucional para abrir espaço à inovação. Esse equilíbrio, embora desafiador, é o que tem garantido a vitalidade e o protagonismo das Unidades de Conservação.

Foto: Fundação Florestal

Conectar, inspirar, conservar

Mais do que um conjunto de atividades turísticas, essas parcerias representam novas pontes entre a sociedade e os parques. Elas mostram que o acesso à natureza pode — e deve — ser plural, responsável e transformador.

Quando o visitante desce uma cachoeira com técnica e segurança, rema silenciosamente entre manguezais ou observa o brilho dos cogumelos em plena Mata Atlântica, ele não está apenas participando de uma atividade: está vivenciando a potência dos nossos territórios protegidos e compreendendo, na prática, o valor da conservação.

Tais experiências nos lembram que conservar é também criar vínculos e gerar pertencimento. E é justamente nessa conexão entre natureza, comunidade e inovação que se encontra o futuro do uso público em nossas Unidades de Conservação.

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