Quais os caminhos do Brasil para o desenvolvimento econômico sustentável?

Confira como foi o primeiro dia do Parques do Brasil 2021, que nesta quinta edição celebra também os 10 anos do Instituto Semeia.

09/06/2021

O primeiro dia do evento Parques do Brasil trouxe contribuições importantes para a discussão de uma agenda ambiental cada vez mais sustentável e comprometida com a valorização dos parques e áreas verdes. Em sua quinta edição, o Parques do Brasil foi realizado em um novo formato, agora online, e contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas acompanhando em tempo real os painéis desta tarde. 

Durante a abertura do evento, o diretor-presidente do Semeia, Fernando Pieroni, e o fundador e conselheiro do Instituto, Pedro Passos, reforçaram a trajetória do Semeia nestes 10 anos de existência, destacando o importante papel das parcerias ao longo dessa caminhada. Em um balanço desse período, Pieroni ressaltou também a contribuição do Semeia no combate à desinformação no campo ambiental e na promoção do engajamento dos governos para avançar na qualidade das políticas públicas da área. “O caminho tem valido a pena”, disse Pieroni, “mas há necessidade de aprofundamento do nosso trabalho, monitorando os resultados dessas parcerias para que haja aprimoramento constante”. 

Para Passos, a missão do Semeia de fazer os parques serem mais amados pelos brasileiros, tornando-os um polo de desenvolvimento socioeconômico para o país, tem sido alcançada justamente a partir dos encontros com pessoas que têm os mesmos objetivos. “Um dos produtos mais ricos desses 10 anos é o encontro com quem tem o mesmo propósito de fazer o país ser reconhecido pelos seus bens tangíveis e intangíveis”, disse.

Evento Parques do Brasil 2021
A abertura do Parques do Brasil 2021 foi feita pelo diretor-presidente do Instituto, Fernando Pieroni, e o fundador e conselheiro do Semeia, Pedro Passos.

No primeiro debate da tarde, Guilherme Passos conversou com o escritor e keynote speaker do evento, Jorge Caldeira, sobre as oportunidades que o Brasil possui para potencializar nossas riquezas naturais. Com uma aula inspiradora sobre a nova economia, Caldeira lembrou o papel do país nesse novo paradigma econômico e sua capacidade de ocupar uma posição de destaque. “Depende de nós o futuro econômico do planeta”, disse. “E os parques serão cada vez mais importantes porque serão o conhecimento para o futuro”. 

Evento Parques do Brasil 2021
O escritor Jorge Caldeira abriu o evento com a palestra “Natureza preservada e geração de valor: oportunidades para potencializar nossas riquezas naturais”.

Na sequência, foi realizado o painel “Brasil e desenvolvimento sustentável: caminhos para o protagonismo na agenda global”, que contou com a participação de Rubens Ricupero, ex-ministro do meio ambiente e diplomata, Maurício Ye’kwana, da Associação Hutukara Yanomami, Renato Casagrande, governador do Espírito Santo e  líder do “Governadores pelo Clima”, além da mediação da jornalista Lana Pinheiro, editora de sustentabilidade da IstoÉ.

Em sua fala inicial, Rubens Ricupero não demonstrou tanto otimismo, especialmente com relação aos compromissos do governo brasileiro frente ao Acordo de Paris e à redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Enquanto nós não mudarmos a realidade nós não podemos ser otimistas”, destacou Ricupero. 

Maurício Ye’kwana também trouxe um cenário desalentador sobre a situação dos povos indígenas brasileiros. “Nós, povos indígenas, queremos ser reconhecidos como os guardiões da floresta”, disse, lembrando que a luta dos povos originários sempre foi “demarcar os nossos territórios para que nós possamos manter a floresta em pé, para que possamos preservar os ambientes que nós respeitamos e que nos respeitam”. A liderança indígena lembrou ainda a importância de uma postura de respeito que devemos ter diante do meio ambiente: “A natureza nos respeita quando nós a respeitamos”. 

O painel foi encerrado com a participação de Renato Casagrande, que compartilhou das mesmas preocupações sobre o aumento dos efeitos das mudanças climáticas já no momento presente. O governador do Espírito Santo ressaltou ainda a importância de ações governamentais concretas para que o Brasil recupere seu protagonismo ambiental.

Os caminhos para o protagonismo do Brasil na agenda global do desenvolvimento sustentável foram discutidos no primeiro painel do Parques do Brasil 2021.

No segundo painel, que debateu os “Parques como vetores de desenvolvimento e valorização do patrimônio natural brasileiro”, o foco foi na retomada verde e na tendência de aumento pela procura de espaços verdes após o período de isolamento social devido à pandemia de Covid-19. Camila Costa, chefe de Departamento de Concessões Socioambientais do BNDES, destacou justamente essa agenda positiva para o mercado do turismo nacional, especialmente quando se fala de vivência na natureza e da importância das parcerias para o desenvolvimento sustentável. 

Arthur Ramos, Senior Advisor em Clima e Energia na Boston Consulting Group (BCG), reforçou também a mudança de mentalidade do setor empresarial para uma ação mais direta na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, que vai ao encontro a pressões de consumidores, mas, além disso, responde a uma exigência de investidores por uma posição mais clara com relação à temática ambiental. “Chegamos a um ponto de inflexão”, disse Arthur, “as ações precisam ser em todos os setores”. 

Para encerrar o painel, Cláudio Pádua, diretor da Parquetur, trouxe bons exemplos de como os parques podem ser vetores de desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades do entorno para que a gestão tenha sucesso. “O Brasil tem parques extraordinários que ocupam uma parte significativa do território e tem uma chance de trazer desenvolvimento para as regiões onde estão”, destacou.

O painel gerou muito debate e uma série de perguntas dos participantes.

A noite foi encerrada com a apresentação do documentário O Começo da Vida – Lá Fora, já disponível em plataformas de streaming. O Parques do Brasil 2021 segue com a sua programação nesta quinta-feira (10/06) a partir das 16h, com a participação de especialistas e profissionais que são referência em iniciativas e projetos voltados para a gestão e valorização dos parques no país.

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