Muito além de belas paisagens: como parques naturais auxiliam no desenvolvimento do país

A conservação e a visitação nos parques naturais são fundamentais para que possamos contribuir com a geração de emprego e renda.

29/09/2023

Foto: Iago Batista

Por que as pessoas querem conhecer parques naturais? As respostas para essa pergunta podem ser muitas, mas inevitavelmente giram em torno do meio ambiente: as pessoas querem visitar e conhecer belezas naturais – o que, aliás, o Brasil tem de sobra.

Esta visitação está intrinsicamente ligada à conservação. Afinal de contas, apenas os atrativos com a natureza protegida vão atrair as pessoas.

E é aqui que chegamos ao principal tópico deste texto. A conservação e a visitação são os dois primeiros pontos, fundamentais, para que possamos chegar ao terceiro do que chamamos “ciclo virtuoso das Unidades de Conservação”: a geração de renda, como podemos ver na imagem abaixo.

Infográfico representando o ciclo virtuoso dos parques naturais.

O desejo em conhecer belas paisagens, caminhar por trilhas com visuais impressionantes, visitar cavernas e cachoeiras, passar por cânions, avistar fauna e flora abundantes é quase sempre o primeiro passo para a visitação a parques naturais. Mas a importância de Unidades de Conservação vai muito além: podem auxiliar imensamente no desenvolvimento do país.

A visitação em parques naturais brasileiros têm potencial de gerar um milhão de empregos e movimentar até R$ 44 bilhões por ano.

Exemplos deste ciclo virtuoso – que envolve os pilares ambiental, social e econômico – são vários pelo Brasil. Abaixo vamos contar um deles, diretamente do Parque Estadual de Vila Velha-PR.

Parques naturais e a comunidade local

Primeiro parque estadual do Paraná, o Parque Vila Velha foi criado em 1953 e 13 anos depois foi tombado pelo Patrimônio Histórico. Foi neste período que surgiu a comunidade Jardim Vila Velha, bairro que se desenvolveu no entorno desta Unidade de Conservação.

A história remete ao fim dos anos 50 e começo dos anos 60, quando os primeiros funcionários do Parque compraram pequenos lotes de uma fazenda para construir moradias. Desde então, a relação entre comunidade local e a UC foi se desenvolvendo.

Fernanda Haura (à esquerda), coordenadora de operações da Soul Parques, no Parque Estadual de Vila Velha, é nascida e criada na comunidade do entorno da UC.

Um caso emblemático desta proximidade é o de Fernanda Haura, que hoje é coordenadora de operações do Parque, como colaboradora da Soul Parques, parceira que gere o local.

Nascida no Jardim Vila Velha, toda a vida profissional dela se passa dentro do que para ela é o quintal de casa, o Parque Vila Velha. Começou como estagiária, durante o primeiro ano da faculdade de Turismo, até chegar ao cargo atual, pouco mais de 10 anos depois.

Quando se iniciou a parceria com a Soul Parques como administradora do local, em 2020, Fernanda teve receio de que a comunidade local seria deixada de lado – o que não aconteceu.

“Quando começaram a construir o caderno de encargos da parceria, nós tínhamos muito receio. Pensávamos que viria uma empresa que iria fazer um novo parque: trazendo gente de fora e nos tirar do dia a dia. Mas não foi isso o que aconteceu”, lembra ela.

“Os receios não se concretizaram, foi exatamente o oposto. Tive um choque superpositivo. O Leandro (Ribas, gestor executivo da Soul Parques) me chamou e falou: queremos você como coordenadora, pode formar a sua equipe”, completa.

Fernanda lembra com muito carinho desta época, e da ótima relação que, segundo ela, existe entre a Soul Parques (parceira do Vila Velha), o Instituto Água e Terra-PR (poder público) e a comunidade local do Jardim Vila Velha. Para a coordenadora, esse relacionamento é fundamental para que o parque cumpra sua função de desenvolvimento local.

“O Parque tem um peso socioeconômico muito relevante na realidade local. Muitas famílias têm o sustento vindo dele, e não só quem trabalha nele, mas também hotelaria, transporte, guias, agências. O impacto positivo é da região toda, incluindo a cidade de Ponta Grossa e até Curitiba, que está a 100km de distância”, explica Fernanda.

Fernanda acredita que os funcionários que são moradores da comunidade local ajudam a promover uma experiência mais rica para os visitantes.

De acordo com ela, são cerca de 25 funcionários fixos, praticamente todos da comunidade local. Além deles, existe o trabalho sazonal – especialmente aos finais de semana, quando o movimento é maior, e a maioria dos profissionais diaristas são do Jardim Vila Velha.

“São pessoas que ficam na monitoria de trilhas e receptivo a visitantes. O diferencial é que são pessoas que sabem da importância do Parque, porque vêm de famílias que moram na Vila, que os pais, mães e avós já trabalharam ali. Quem visita acaba tendo uma experiência muito mais rica, porque os funcionários conseguem contar muitos detalhes da história”, ressalta Fernanda.

Entender os benefícios da visitação aos parques naturais brasileiros é fundamental para o desenvolvimento deles. Compreender que um trabalho dedicado pode trazer melhorias no âmbito do meio ambiente e também na realidade socioeconômica do Brasil, gerando o ciclo virtuoso do tripé Conservação – Visitação – Geração de Renda.

Olhar para os parques naturais com esses olhos: vamos nessa?

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