Turismo de base comunitária ajuda na conservação ambiental e na valorização de povos tradicionais

Iniciativas comunitárias oferecem experiência de vivência intercultural a visitantes de áreas protegidas, gerando renda e conhecimento. Saiba mais!

01/10/2021

Experiências proporcionadas por turismo de base comunitária estão cada vez mais em alta no Brasil. Foto: Gustavo Couto-CC BY-SA 4.0.

Visitar uma unidade de conservação não significa somente se conectar com a natureza. Muitas vezes se estabelecem também relações com as comunidades do entorno dessas áreas. Essa conexão vai muito além da prestação de serviços e passa pela vivência e o contato com a história dessas pessoas, com seus hábitos e costumes. Há uma grande demanda por esse tipo de turismo, chamado de Turismo de Base Comunitária (TBC), que é uma alternativa ao tradicional. Segundo o ICMBio, o TBC é um “modelo de gestão da visitação protagonizado pela comunidade, que gera benefícios coletivos, promovendo a vivência intercultural, a qualidade de vida, a valorização da história e da cultura dessas populações, bem como a utilização sustentável, para fins recreativos e educativos, dos recursos das Unidades de Conservação”.

Paula Arantes, consultora de projetos de Ecoturismo e Turismo de Base Comunitária, explica que não é só a oferta e o número de destinos de turismo de base comunitária que tem aumentado, mas redes de TBC, que envolvem diferentes atores da comunidade, também estão sendo articuladas e novos operadores estão se especializando neste tipo de experiência. É o caso, por exemplo, da Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum), lançada oficialmente em 2008. Considerada uma das iniciativas pioneiras no País, a Rede Tucum conseguiu articular grupos de pescadores, agricultores familiares, quilombolas, indígenas e moradores da periferia para defender seu território a partir do fortalecimento do turismo.

Uma das premissas do TBC é justamente este protagonismo comunitário, ou seja, é a comunidade quem tem que escolher pelo desenvolvimento de uma experiência de turismo. Claro que ela não fará isso sozinha. Há diversos órgãos que apoiam o processo de articulação e organização da comunidade local. De acordo com Paula Arantes, apesar de não haver uma política pública para o desenvolvimento do turismo de base comunitária no Brasil, há iniciativas estaduais que se dedicam a ter legislação específica para regulamentar e para fomentar essa atividade. Organizações não governamentais (ONGs) socioambientais que atuam em algumas comunidades e percebem a necessidade e a possibilidade de estruturar um turismo comunitário também têm apoiado esse desenvolvimento.

Além disso, o Turismo de Base Comunitária pode ser uma estratégia que ajuda  visitantes de parques a entender os valores ambientais, sociais e culturais das UCs, de forma ainda mais profunda e lúdica. Por outro lado, Paula lembra que a própria comunidade do entorno dessas áreas passa a reconhecer ainda mais a importância daquele espaço porque começam a ver, naquele parque, uma oportunidade de geração de renda. Com isso, “você viabiliza que essas comunidades, que poderiam exercer pressão nas unidades de conservação, passem a ser aliadas delas”, ressalta. 

Para as áreas naturais protegidas, há a possibilidade, ainda, de um aumento de visitação e procura pelos serviços, o que torna o local mais conhecido. Outro ponto que Paula destaca é a busca por um diálogo entre gestores das unidades de conservação e comunidades, com o olhar de ajudar as pessoas do entorno a vislumbrarem as possibilidades de interação e benefício mútuo com o turismo de base comunitária associado à visitação da UC.

E o que falta para este modelo de turismo comunitário se consolidar? A consultora explica que há vários desafios para a implantação do TBC no Brasil. Entre eles, a comunicação é um grande gargalo. “Sem ter uma comunicação eficiente é muito difícil o contato direito com a comunidade para comercialização dos roteiros”, diz. Muitos desses locais estão afastados dos centros urbanos e têm pouco ou nenhum acesso a sinal de celular e internet e, até mesmo, a energia. Outro desafio é o processo de comercialização. “Em geral, há um tempo de amadurecimento até que esse produto turístico seja estruturado nas comunidades”, ressalta Paula. Para que isso aconteça, é necessário um diálogo igualitário entre a comunidade e parceiros, proporcionando mecanismos de controle social e engajamento nas iniciativas de TBC.

Quer conhecer mais sobre o turismo de base comunitária? Então, que tal assistir a este webinar promovido pelo Semeia sobre o assunto?

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