Parques naturais que abrigam sítios arqueológicos ajudam a proteger história do Brasil

Em todo o país são mais de 700 unidades de conservação com vestígios arqueológicos ou pré-históricos que mantêm viva uma parte da identidade cultural do país

15/09/2021

Foto: Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG) / Acervo ICMBIO.

Você sabia que alguns parques brasileiros resguardam a história das pessoas que habitavam o Brasil antes de nós, seus costumes e tradições? Esses registros estão abrigados em centenas de sítios arqueológicos espalhados pelo país, dos quais 729 encontram-se protegidos em unidades de conservação (UCs), incluindo parques naturais.

Na prática, esses vestígios pré-históricos são considerados bens patrimoniais da União e sua conservação é garantida por meio da Lei nº 3.924/1961. Sobre este assunto, Vitor Moura, espeleólogo e arquiteto especialista em infraestrutura de áreas protegidas, explica que, tanto no Brasil quanto no exterior, é possível encontrar muitos sítios arqueológicos, principalmente em cavernas, que possuem condições favoráveis à conservação. É o caso, por exemplo, do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG), que abriga mais de 140 cavernas e mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres.

“A caverna é um ambiente estável do ponto de vista climático e acaba protegendo qualquer vestígio, seja ele geológico, paleontológico ou arqueológico. Então, preservando esta estrutura [a caverna] você está preservando tudo que está associado a ela”, ressalta. Até mesmo o desmatamento pode provocar a deterioração da arte rupestre, pois aumenta a incidência de sol em um local antes abrigado pela mata.

As descobertas realizadas em sítios arqueológicos brasileiros têm, inclusive, contraposto teorias já consolidadas. Um bom exemplo é o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil e nas Américas, batizado de Luzia. Descoberta em 1975 em uma caverna no entorno do Parque Estadual do Sumidouro (MG), Luzia alterou as teorias sobre como ocorreu a ocupação da América pelo homem. Ela ficou ainda mais conhecida quando, em 2018, um incêndio destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde estava.

Gestão e logística são chaves para alavancar visitação de parques com sítios pré- históricos

Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) / Roberto Castro-Mtur

Para Moura, é justamente o conhecimento que pode gerar uma maior conservação dos monumentos arqueológicos. E os parques que abrigam esses vestígios têm um papel fundamental ao conservar e promover o contato das pessoas com essa parte da história. Por isso, a gestão desses parques demanda atenção especial porque os atrativos são muito frágeis e requerem um processo minucioso de planejamento.

Parques como o da Serra da Capivara (PI), por exemplo, onde há uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do mundo por quilômetro quadrado, têm capacidade para aumentar o número de visitação, mas a logística precisaria de mais investimentos. Aliás, este é um ponto que, para Moura, poderia ser melhorado para ajudar a alavancar a cadeia do ecoturismo nessas áreas. “Há uma gama de produtos e serviços que podem ser desenvolvidos ao redor desses atrativos turísticos”, diz. Na verdade, há uma rede de logística envolvida quando se pensa em visitação e permanência nestes parques, como transporte, alimentação, hospedagem e guias.

Além disso, a divulgação é uma ferramenta essencial para alavancar as visitas, especialmente em parques distantes dos grandes centros, como é o caso do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. “Às vezes uma pessoa percorre 500 quilômetros para ir à praia, mas não anda tudo isso para ir visitar uma caverna de pintura rupestre. É uma questão de educação, para que ela passe a ver os atrativos como interessantes. E é também uma questão de valorização das atividades físicas como as trilhas”, ressalta. Isso porque muitos desses sítios arqueológicos estão associados a atividades de caminhada. “Uma pessoa não vai parar no Peruaçu para ver uma única pintura, mas, se tiver uma trilha por onde ela possa caminhar e o Peruaçu fizer parte de uma das paradas, se torna um grande atrativo. É uma vivência na trilha”, destaca.

Moura encerra com uma dica para quem vai visitar parques que abrigam esses vestígios: ler a história, se preparar para o que vai ser visto e ir com calma, mergulhando nesse universo e nos conteúdos que o parque apresenta. Para ajudar, preparamos uma lista de parques com sítios arqueológicos que valem a visitação.

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