Conheça o Parque Estadual do Rio Doce
Biodiversidade riquíssima na primeira unidade de conservação de Minas Gerais
14/07/2023
Foto: Evandro Rodney
Terceiro maior complexo de lagos do Brasil, considerada a maior área de Mata Atlântica preservada de Minas Gerais, de riquíssima biodiversidade, com espécies raras e ameaçadas da fauna e flora e expressivo sistema lacustre. É esse o patrimônio ambiental protegido pelo Parque Estadual do Rio Doce (PERD).
Situado no Vale do Aço, na região Sudoeste de Minas, o parque se divide entre as cidades de Dionísio, Marliéria e Timóteo e é considerada a primeira Unidade de Conservação (UC) do estado, tendo sido criada oficialmente em 1944.
De acordo com Vinícius Moreira, gerente do Parque, o movimento para a criação do local é ainda mais antigo, tendo se iniciado na década de 20.
“A criação do Parque do Rio Doce nasceu de uma iniciativa popular, em que a sociedade da região se organizou para este fim. Faz parte da história da conservação da biodiversidade brasileira, de uma época em que o poder público ainda não olhava para a importância destes espaços”, explica ele, que além de gestor é também um estudioso do tema – e nascido em Marliéria, município que abriga 83% da área da UC.
Com quase 36 mil hectares, o Parque Estadual do Rio Doce é um verdadeiro santuário de tesouros naturais dentro do Brasil. Em 2010, por exemplo, o local recebeu o título de Sítio Ramsar – convenção internacional que aponta as zonas úmidas de maior importância globalmente.
(neste link você pode ver todos os 27 sítios Ramsar do Brasil)
Isso porque, além da biodiversidade abundante, o PERD conta com mais de 40 lagos em toda a sua extensão – em termos de sistema de lagos, é o terceiro maior e mais importante do Brasil, logo atrás do Pantanal e da Amazônia.
A gestão oficial desta área pelo estado brasileiro desde a década de 40 torna o Parque um dos últimos remanescentes bem preservados com população de onça-pintada. Existe, inclusive, um safári noturno dentro da Unidade para avistar este e outros animais (leia mais abaixo).
Estrutura para receber visitantes
Desde a década de 1970 o Parque Estadual do Rio Doce começou a receber uma configuração especial para atender visitantes e equipes de pesquisa ambiental. Atualmente, conta com diversos itens que garantem o bem-estar de turistas e privilegiam a conservação da natureza, com cerca de 13mil m² de área construída – inclusive hospedagem.
O Centro de Visitantes é como um cartão de visitas do lugar, que busca aliar a educação ambiental com a história; o Parque conta, inclusive, com uma exposição permanente e interativa sobre biodiversidade e contextos históricos.
“Acredito que a educação é a base de tudo. Uma das ideias é apresentar ao turista tudo o que é o Parque do Rio Doce, o que é um grande desafio. Unir conhecimento de uma maneira agradável, estimulando sensorialmente as pessoas e apresentar a unidade para visitantes”, explica Vinícius.
Principal floresta tropical do estado de Minas Gerais, com uma importância fundamental para o meio ambiente brasileiro e uma das áreas úmidas mais relevantes mundialmente, que só em 2022 recebeu cerca de 22 mil visitantes.
Para os próximos anos, a ideia é ampliar ainda mais o acesso das pessoas ao Parque. Este plano faz parte do Termo de Parceria firmado no final de 2021 entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que administra a UC, e o Instituto Ekos. Dentro do Termo está prevista a realização de diversas atividades relacionadas a visitação, com o objetivo de consolidar o Parque Estadual do Rio Doce como um exemplo de Unidade de Conservação.
“O parque precisa ser apresentado para as pessoas. Conhecendo, as pessoas vão querer visitar e cuidar dele. Mas ainda temos muitos desafios pela frente para consolidar o parque. A parceria técnica com o Ekos faz parte desse processo e estamos no caminho para atingir nossos objetivos”, diz o gestor Vinícius.
Novidades recentes no Parque do Rio Doce
Neste 2023, o Parque tem recebido novidades em relação à visitação, de olho no objetivo de ampliar o acesso e as atividades para visitantes.
Uma destas novidades é o credenciamento de condutores de trilhas de longo curso. Afinal, algumas trilhas do local precisam obrigatoriamente da contratação de profissionais. Dois exemplos são a Trilha das Nove Lagoas (com 35km e pernoite) e a Transperdida (que, como o próprio diz, vai até o centro de pesquisa da Ponte Perdida, com 16km).
Outra novidade é bem recente: os passeios turísticos aquaviários dentro do Parque Estadual do Rio Doce. Com ele, a ideia é que se proporcione uma visão ainda mais única de todo o ecossistema de um dos principais complexos lacustres da América do Sul.
Cicloturistas também serão contemplados: em junho de 2023 o Parque está estruturando trilhas para a prática do mountain bike. A Trilha do Angico será a primeira contemplada, mas a ideia é que outras trilhas também sejam adequadas para ciclistas.
Conheça agora alguns dos principais atrativos do Parque Estadual do Rio Doce:
Trilhas para caminhada
Em toda a extensão do Parque, as trilhas são das atividades mais procuradas. E elas podem ser de longo curso, como as citadas acima, e mais acessíveis, indicadas para toda a família – há, inclusive, a trilha da Criança, com 100m de extensão e ideal para pequenos e pequenas.
Algumas das principais trilhas são:
Trilha do Angico Vermelho: é aberta ao público e tem grau de dificuldade médio. É uma das mais procuradas pelo público e precisa de agendamento prévio.
Trilha do Vinhático: com 800m de extensão e a cerca de 2km da portaria, ela também precisa de agendamento prévio. O nome vem de um belíssimo exemplar de vinhático localizado no meio do percurso.
Trilha do Pescador: sem a necessidade de agendamento, é relativamente curta (500m) e possui 10 pontos de pesca às margens do lago Dom Helvécio.
Observação de vida silvestre
Uma das atividades é a observação de aves, que tem crescido bastante no Brasil. São mais de 300 espécies de pássaros catalogados na região. No Parque, por exemplo, foi avistado o bicudo (Sporophila maximiliani), que foi encontrado na natureza depois de 82 anos sem registro em Minas Gerais.
Outras aves raras encontradas no local são o pica-pau-dourado-grande (Piculus polyzonus) e o jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi dulcis).
Para se ter uma ideia da magnitude da biodiversidade do PERD, nada menos do que 50% das aves registradas no estado podem ser avistadas no Parque.
Além das aves, o Porto do Capim é um atrativo específico para o turismo de observação da vida silvestre. Tem uma linda vista para o orquidário natural.
Safári noturno
Comumente associado ao Pantanal brasileiro, o safári é uma atividade muito praticada no Parque. O foco principal são os jacarés, mas também mamíferos de grande porte, como a onça. Neste vídeo você pode ver um pouco desta atividade.
Lago Dom Helvécio
É o mais famoso do Parque Estadual do Rio Doce, também chamado de lagoa do Bispo. Além de ter belíssimos 7km de espelhos d’água, é o lago natural mais profundo do Brasil: chega a 40m de profundidade.
Conta com estrutura para turistas, como vestiário, píer e até uma faixa de areia – não por acaso, é chamada de prainha. E, claro, também é aberto para banhos (pode ir com tranquilidade, pois o local conta com salva-vidas).
Auditório Borun do Watu
Espaço com exposição permanente da história da região e exemplares dos índios botocudos, primeiros habitantes da região do Rio Doce. No local são exibidos vídeos sobre a Unidade de Conservação.
Hospedagem
O Parque do Rio Doce é uma das unidades de conservação brasileira que conta com hospedagem. São opções de alojamento para turistas com pousada e também área de camping. São excelentes para vivenciar toda a magnitude da maior reserva de Mata Atlântica de Minas Gerais.
Pesca esportiva
A pesca esportiva é permitida no lago Dom Helvécio, exclusiva para espécies exóticas. Mas tenha atenção: é obrigatória a apresentação de Carteira de Pesca Amadora.
Como chegar
O Parque Estadual do Rio Doce fica a cerca de 50km de Ipatinga e 250km de Belo Horizonte. O acesso mais utilizado é pela BR-262 e, depois, cerca de 6km segue-se pela BR-320. Também é possível ir pela BR-381, sentido Governador Valadares.
ESFERA ADMINISTRATIVA
Estadual
DATA DE CRIAÇÃO:
14 de julho de 1944
ESTADO:
Minas Gerais
MUNICÍPIOS:
Dionísio, Marliéria e Timóteo
BIOMA:
Mata Atlântica
ÁREA TOTAL:
35.976 hectares