Uma das principais reservas de biodiversidade em todo o mundo, a Amazônia representa quase 50% de toda a área brasileira. Maior floresta tropical do planeta, o bioma amazônico possui uma vastidão difícil de se colocar em palavras. Uma rica parte de toda essa imensidão está localizada na região central de Belém, a capital paraense: o Parque do Utinga, uma unidade de conservação estadual com mais de mil hectares.

Gerido pelo Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará), o parque é um espaço de grande relevância ecológica e beleza cênica. Não por acaso, é o oitavo colocado entre os que mais recebem visitas no Brasil. De acordo com os dados do estudo Visitômetro dos Parques do Brasil, lançado em março de 2025 pelo Instituto Semeia, o local recebeu 451.295 visitas em 2023 – referendando-se como o mais visitado da região Norte. Clique aqui para conhecer os 10 mais visitados do país.  

“Confesso que eu já imaginava, porque fazíamos o monitoramento desde 2018 e, vendo os números dos outros parques, tinha a sensação de que o Parque do Utinga estava entre os mais frequentados”, explica Julio Meyer, gerente do Ideflor-Bio e gestor da unidade.

É importante ressaltar que o Visitômetro 2025 foi a primeira vez que um levantamento deste porte contempla também unidades de conservação estaduais – antes, os dados eram apenas das unidades federais.

Agora, conheça melhor o Parque do Utinga e as principais atividades realizadas nele.

Parque do Utinga: Amazônia preservada na capital paraense

De acordo com o mais recente Censo Demográfico brasileiro, Belém é a 12ª cidade mais populosa do país. Ainda assim, conta com um verdadeiro oásis no meio da cidade: o Parque do Utinga estampa a Amazônia preservada em uma das maiores metrópoles brasileiras.

Até 2015, a unidade de conservação era como se fosse a floresta amazônica à parte da população. Afinal, não existia estrutura adequada para receber visitantes, sejam as pessoas moradoras da cidade ou turistas.

O ponto de virada veio com um recurso do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e uma obra que durou cerca de 3 anos. Aí começou a nova fase do Parque do Utinga.

“O pontapé veio com a tomada de decisão política, de conseguir os recursos financeiros e construir uma estrutura de acordo com o visitante. Foi quase uma refundação”, lembra Julio.

Contando com um cenário deslumbrante como a Amazônia, o trabalho do Ideflor-Bio, ao lado de parceiros, foi desenvolver a estrutura turística e de atendimento. Além de espaço para caminhadas e passeios de bicicleta, skate e patins, o Parque do Utinga conta com um ecoturismo organizado – com trilhas, bóia cross, canoagem e stand up paddle.

“Este trabalho de ecoturismo é fundamental. Trabalhamos com uma base totalmente técnica para estabelecer as atividades de turismo de aventura dentro do parque”, comenta Julio.

No início das atividades, o Ideflor-Bio contou com a parceria da empresa Amazônia Aventura para desenvolver o projeto de ecoturismo – envolvendo administração pública e iniciativa privada. Atualmente, outras empresas também operam no Parque do Utinga: são 55 condutores de turismo habilitados, além de dezenas de estagiários em habilitação.

“Algumas dessas pessoas vivem financeiramente 100% graças às atividades realizadas no Parque, o que nos deixa muito satisfeitos e com a sensação de que estamos no caminho certo”, completa o gestor.

Todas as operações de ecoturismo são desenvolvidas com Sistema de Gestão de Segurança (SGS) aplicados, atuando de acordo com as normas técnicas de cada atividade.    

Parque do Utinga: visitação e conservação de mãos dadas

Com tantas atividades, não é surpresa que o parque esteja entre os 10 mais visitados do Brasil. Um dos principais destaques são as trilhas. Hoje, o Parque do Utinga conta com 11 trilhas, todas elas com a necessidade de acompanhamento de guia capacitado.

O local, inclusive, é parte da Trilha Amazônia Atlântica, que faz parte da Rede Brasileira de Trilhas. Clique aqui para saber mais sobre ela.   

As atividades de turismo de aventura, que citamos anteriormente, também chamam a atenção da população e de turistas. Com aluguel de bikes e atividades nos rios, os visitantes têm à disposição muitas opções de práticas ao ar livre em pleno bioma amazônico. 

Outro grande destaque é a observação de aves. Claro, estamos falando da Amazônia, região apontada como a de maior riqueza quando o assunto são aves. A importância deste tipo de atividade no Parque do Utinga é tamanha que existe até a abertura em horários diferenciados – desde que agendado com antecedência.

O que nos leva ao projeto de reintrodução das ararajubas, ave que estava extinta há mais de 100 anos em Belém. Elas perderam o habitat por conta do desmatamento e do tráfico de animais silvestres, mas retornaram ao Parque do Utinga por meio do projeto a partir de 2018.

“Fazer isso dentro da área urbana é sensacional. Tem também o uiraçu-falso, que voltou a aparecer dentro do parque. É um aspecto que dá muito alegria pra gente, valoriza muito nossa biodiversidade”, comemora Julio.

Unindo visitação e a comunidade local, o Parque do Utinga é também palco do Projeto Regenerar, em parceria com crianças da rede pública de ensino. É um intercâmbio: a escola recebe o plantio de mudas, e em troca as crianças vão conhecer o parque.

“Essa vinda de crianças de famílias com menor poder aquisitivo é muito rica para a gente. Porque uma parcela da população acha que o parque é só para gente rica, mas não é assim. O Utinga é democrático e o acesso é gratuito”, reforça o gestor.