Localizado em uma região belíssima da Serra da Mantiqueira, o município de Campos do Jordão é um dos mais visitados por turistas no estado de São Paulo. Famosa pelo clima ameno e também pela arquitetura de estilo suíço, a cidade conta com um dos muitos espaços públicos de rara beleza do Sudeste brasileiro: o Parque Estadual de Campos do Jordão (PECJ).

Conhecido regionalmente como Horto Florestal, o local de mais de 8 mil hectares ocupa aproximadamente 30% de todo o território do município. Desde sua criação, em 1941, o PECJ pode ser considerado de vanguarda: é o primeiro Parque Estadual paulista e o primeiro parque brasileiro a possuir plano de manejo.

Dono de uma flora abundante e com mais de 180 espécies de aves catalogadas, ele pode ser considerado uma das áreas mais importantes de Mata Atlântica do Brasil, com um belíssimo mosaico de campos de altitude e mata nebular. Não por acaso, já que Campos é a cidade de maior altitude de São Paulo e uma das mais altas do país, com 1.639m.

“O Parque Estadual de Campos do Jordão faz parte de um território muito importante, ambientalmente e culturalmente, que é a Serra da Mantiqueira. Todas as áreas protegidas que fazem parte deste território são importantes para a proteção da biodiversidade da região, nascentes, além da contribuição ao desenvolvimento do turismo”, explica Camila Oliveira, gestora do PECJ.

Assim como as demais unidades de conservação brasileiras, o PECJ tem como principal função proteger a biodiversidade, utilizando a educação ambiental e a pesquisa científica como ferramentas neste processo. Neste contexto, a história do Parque é diferente de grande parte das UCs do país: ele foi palco de exploração madeireira e tem a história bastante conectada a esta produção.

O Parque ainda conta com resquícios desta época. Logo na entrada, por exemplo, é possível ver a roda d´água, que fazia parte do maquinário da serraria que funcionava no local, no início do século passado. Para quem gosta de história, este link tem um resgate cultural bastante completo sobre a formação do Parque.   

Como é possível notar, o PECJ é parte intrínseca da história da cidade e da população de Campos do Jordão, com movimentos e contextos sempre vinculados. A beleza cênica do município é a cara do Parque, assim como a flora, a fauna e a cultura de ambos se confundem.

Esta conexão pode ser vista ainda hoje em diversos exemplos. Um bem marcante se refere ao fato de o Parque ajudar a proteger diversas nascentes, que por sua vez vão irrigar as plantações de produtores regionais. Os alimentos produzidos são comercializados, gerando emprego e renda e fortalecendo o vínculo com as comunidades locais.

“É preciso valorizar as coisas e a história da região. No passado, as pessoas não tinham essa geração de renda: elas foram atrás de oportunidades em outros lugares, em outras cidades, nos centros urbanos. Mas muitas vezes as oportunidades estão no quintal da casa dela”, comenta Anderson Oliveira, chef e proprietário do Dona Chica. Este é um dos restaurantes que funcionam dentro do Parque Estadual de Campos do Jordão e tem parte do cardápio elaborada a partir de ingredientes locais de produtores da Serra da Mantiqueira.

Parque pioneiro

Como dissemos no início deste texto, o Parque Estadual de Campos do Jordão desenvolveu o que foi considerado o primeiro Plano de Manejo, lá em 1975. Em 2017 houve uma revisão do programa, que hoje auxilia nos caminhos a serem tomados pela administração.

“É um documento importante para a gestão da unidade. Todos os programas de manejo, áreas prioritárias para pesquisas e para proteção, por exemplo, estão neste documento. Ele aborda também as diretrizes de uso público e a educação ambiental”, conta Camila.

A gestora da unidade ainda lembra de algo que sempre ouvimos quando falamos de conservação do meio ambiente: as pessoas só cuidam daquilo que conhecem.

“A visitação pública é muito importante para a conservação e vice-versa. As pessoas só entendem a importância do território protegido desta forma. Se você não conhece, aquilo é intocável e não faz diferença na vida do cidadão”, complementa.

Um dos ótimos exemplos da união pesquisa científica e educação ambiental é o Projeto de Conservação do Papagaio-de-peito-roxo – que também atua em outras unidades além do Parque Estadual de Campos do Jordão. O projeto já instalou diversos ninhos artificiais no parque para aumentar as oportunidades de reprodução da espécie. No passado, parte dos ninhos foi viabilizada com doação de percentual da receita obtida com a venda do drink temático do papagaio no Restaurante Dona Chica.  

“As pesquisas e projetos são fundamentais para o manejo da unidade. Precisamos saber o que tem dentro do parque para conservar, seja fauna, seja flora. É um trabalho de formiguinha. As pessoas não vão entender muito o movimento da proteção por si só, é preciso educação ambiental nas escolas e conscientização didática sobre a função das áreas protegidas”, explica Camila.

O PECJ também implementou a primeira concessão para operação das atividades de ecoturismo e visitação pública no estado de São Paulo. A administração e investimentos para melhoria da infraestrutura na unidade são de responsabilidade da empresa Urbanes desde abril de 2019 – que em seu modelo de gestão priorizou a permanência da execução de atividades de antigos permissionários do parque, parte deles moradores de Campos do Jordão ou região.

Com a estrutura física de recepção aos visitantes repaginada recentemente pela concessionária, o parque pretende retomar o mesmo patamar de visitantes do período pré-pandemia.

Conheça agora alguns dos principais atrativos do Parque Estadual de Campos do Jordão:

Trilhas para caminhada

São diversas opções de trilhas, para os mais diversos tipos de pessoas. As principais são estas:

• Trilha dos Campos: de nível intermediário, exige um condicionamento físico bom e alguma experiência em trekking. No final, é recompensada por uma belíssima vista coberta por araucárias.

• Trilha do Rio Sapucaí: leve e relaxante, tem um trajeto alternando campos e matas – sempre acompanhando a correnteza do rio.

• Trilha das Três Pontes: é leve e divertida, indicada também para crianças (sempre na companhia de pessoas adultas). Passa por pontes pênseis sobre o rio Sapucaí.

• Trilha da Cachoeira: também fácil de seguir, por ser plana e com apenas 4,5km.

• Trilha do Canhambora: leva cerca de 1h15 para percorrer os 7km de extensão. É uma trilha de nível fácil, já que é praticamente plana, com aclives e declives leves. Acompanha o rio Canhambora.

• Trilha Celestina: belíssima trilha, com caminhos por florestas e campos de altitude. Dela é possível ter uma vista panorâmica do Parque Estadual de Campos do Jordão. O final dela é na cachoeira. Diferentemente das anteriores, não é uma trilha autoguiada: é operada pela concessionária Urbanes em parceria com a Aventoriba.   

Arvorismo

Excelente passeio para crianças e adultos, levando a uma volta pelas copas das árvores. Operado pela Zoom Aventura.

Cicloturismo

É possível alugar bikes no local, também com a Zoom Aventura – que presta serviços de informações e instruções para a melhor experiência dentro do Parque em cima de uma bicicleta. Também possui bicicletas infantis.

Tirolesa

São duas opções de tirolesa, ambas com uma experiência segura e divertida. A menor tem 150m de extensão e a mais longa conta com uma extensão de 450m e 60m de altura. As duas passam sobre as corredeiras do rio Sapucaí.

Trenzinho e Pedalinho

Para aquelas pessoas que preferem o conforto, mas mesmo assim querem apreciar as belezas do Parque, são duas ótimas opções. O passeio de Trenzinho percorre o parque com guiamento e explicações sobre a UC, e o pedalinho é uma opção muito procurada especialmente por casais e crianças.

Atividades para os visitantes

Para além das atividades de turismo de natureza, o PECJ conta com diversas opções de entretenimento para visitantes.

– Centro de Visitantes: espaço para exposição de curiosidades e histórias, além de explicação de fauna e flora do Parque.

– Loja de artesanatos: perfeito para quem quer levar uma lembrança além das memórias e fotos.

– Viveiro de mudas: espaço com diversas opções de plantas como araucária, hortênsias e lavandas.

Hospedagem

O PECJ conta com opção de hospedagem, o Aventoriba Lodge (alojamento, em inglês), casas históricas construídas há décadas para abrigar os primeiros funcionários do Parque. Reformadas e redecoradas, proporcionam aos turistas a experiência única de dormir em um parque natural, contemplar o céu estrelado e acordar em meio à natureza.

Gastronomia

Além do já citado Dona Chica, o Parque Estadual de Campos do Jordão conta também com o Prato da Floresta e com o Café do Parque como opções para se alimentar no local. Aos finais de semana, o Dona Chica também oferece o food truck Trem da Chica.

Como chegar

O Parque Estadual de Campos do Jordão fica a cerca de 13km do Capivari, região central da cidade. A chegada é por rota asfaltada. O aeroporto mais próximo é o de Guarulhos-SP, a cerca de 170km.

Para finalizar, um último recado da gestora Camila Oliveira:

“O Parque é uma área protegida que presta importantes serviços para a sociedade. Ele agrada a todos os públicos. Pessoal da bike, galera da montanha, famílias que querem trazer crianças, o trenzinho para pessoas com mobilidade reduzida. O Parque é das pessoas”.