Conheça o Parque Estadual Chandless

Fauna e flora amazônicas em um verdadeiro tesouro natural no Acre

01/11/2023

Foto: Evandro Rodney

Biodiversidade típica da Amazônia, com centenas e centenas de aves, mamíferos, peixes e uma flora absolutamente riquíssima. Faz parte do chamado corredor verde do Oeste amazônico, na fronteira com o Peru: estamos falando do Parque Estadual Chandless, que fica na região do Alto Purus, nas bacias dos rios Purus e Chandless, no Acre.

Prestes a completar 20 anos (foi criado em 2004), esta jovem Unidade de Conservação brasileira é um verdadeiro paraíso para pessoas apaixonadas por observação de aves e da vida silvestre em geral. Especialistas de diversas partes do mundo o colocam como objeto de desejo (veja mais abaixo).

Tem ainda outra característica bastante peculiar. Afinal, ele conecta duas Terras Indígenas, a Alto Purus e a Mamoadate.

O Parque Estadual Chandless faz parte do programa Área Protegidas da Amazônia (ARPA), considerada uma das principais iniciativas de proteção a florestas tropicais em todo o planeta. Desde que foi criada, a Unidade de Conservação tem sido objeto de estudo por dezenas de pesquisadores e cientistas – não só do Brasil, mas também de outras partes do mundo.

“O ARPA é o que faz o Parque existir. Os estudos e as pesquisas foram o foco inicial para os primeiros anos. Ao longo do tempo, conseguimos nos estabelecer como um local que tem estrutura completa para atender pesquisadores. Mas ampliar a visitação turística está nos planos”, conta Flávia Souza, gestora do Parque desde 2022, mas que começou a atuar na UC em 2015.

Para essa imersão na floresta no extremo Oeste do Brasil, a logística não é das mais simples. Assim como no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, o contexto amazônico traz a peculiaridade do acesso fluvial, por meio de barcos e voadeiras.

O acesso ao parque acontece por via fluvial, por meio de barcos e voadeiras. Foto: Acervo Parque Estadual Chandless.

De Rio Branco, a capital acreana, até a entrada do Parque Estadual Chandless são cerca de 8h de viagem – entre a rota via BR, a chegada ao município de Manoel Urbano e o trajeto fluvial do rio Purus até a chegada ao rio Chandless e, consequentemente, à entrada da Unidade de Conservação.

“Esses maciços de florestas, com os acessos fluviais e as terras indígenas são parte do contexto amazônico. É a realidade que vivemos aqui na região, e é o que faz deste lugar tão especial”, explica Flávia.

O que encontrar no Parque Estadual Chandless

Não tem como fugir do que pode parecer óbvio: a espetacular biodiversidade amazônica é um dos grandes diferenciais deste parque. A água abundante, em época de cheia, e a imersão na floresta no entorno dos rios Purus e Chandless trazem experiências únicas e que não podem ser vividas em nenhum outro lugar.

Os números da flora e da fauna do Parque Estadual Chandless são superlativos:

– Mais de 260 espécies botânicas na região;

– 88 espécies registradas de peixes;

– Mais de 407 espécies de aves documentadas;

– Mais de 50 mamíferos encontrados;

– Mais de 480 espécies identificadas de leptdopetrofauna (borboletas e mariposas).

Observação de aves

Um dos grandes destaques é, sem dúvida, a grande ocorrência de aves. Não por acaso, o Parque é bastante procurado para observação de aves. Além da diversidade no número de espécies, existe a peculiaridade de que diversas delas são bastante raras, com exigências ecológicas restritas – o que significa que são avistadas em outras regiões.

Vegetação de taboca

A região do Chandless, chamada de Amazônia Ocidental, traz um tipo de vegetação bem específico, mesmo para a Amazônia, que é a dominada por bambus do gênero guadua. Chamado de ambiente de taboca, tem grandes florestas e bosques com grande concentração de bambus, inclusive três espécies endêmicas.

Esta específica formação facilita para que a região do Parque Estadual Chandless tenha grupos de fauna e flora que só ocorrem neste pedaço de mundo. 

Diversas espécies da fauna e flora são endêmicas da região em que o parque está localizado. Foto: Acervo Parque Estadual Chandless.

O turismo no parque

O Parque Estadual Chandless tem algumas especificidades já citadas neste texto. Fica claro que o tipo de turismo não é aquele de final de semana, em que as pessoas fazem um bate e volta para um determinado destino – nele, o que se encontra são atividades mais específicas, como a observação de aves e a imersão amazônica, por exemplo. As pesquisas científicas também são atividades que movimentam a visitação.

Uma história interessante é que em 2023, com 19 anos desde a criação da Unidade de Conservação, foi a primeira vez em que o Parque recebeu um pedido para a visitação de um “turista comum”, que não era pesquisador ou algo do tipo.

De acordo com Flávia, o trabalho da gestão teve sempre no radar trabalhar para ampliar a visitação.

“O Jesus (Domingos de Souza, que foi gestor do Parque por 13 anos) sempre sonhou com isso. Mas sabemos que é um trabalho de longo prazo”, complementa ela.

Para a gestão do Parque Estadual Chandless, fomentar o turismo é também uma forma de desenvolvimento econômico e social dos moradores da região – que, em outubro de 2023, é formada por 76 pessoas de 20 famílias, que vivem dentro da área da Unidade.

A unidade de conservação conecta duas Terras Indígenas, a Alto Purus e a Mamoadate. Foto: Acervo Parque Estadual Chandless.

Já existem capacitações na área, com o objetivo de desenvolver os moradores locais e atuar de maneira conjunta, como já aconteceu algumas vezes. Em 2020, por exemplo, foi construída uma casa de vigilância em uma atividade conjunta entre os moradores, a Funai e a Secretaria de Meio Ambiente do Acre.

“Não é vocação do Parque Chandless receber muita gente, sabemos disso. Mas queremos capacitar melhor as pessoas para receber turistas, regulamentar os instrumentos legais, avançar na questão do ingresso para acesso ao Parque. Estamos trabalhando neste sentido”, explica a gestora Flávia.

Atualmente, quem quiser visitar o Parque precisa pedir autorização via e-mail (mais informações abaixo)

Como chegar

O principal acesso ao Parque Estadual Chandless é via fluvial, partindo do rio Purus na cidade de Manoel Urbano – distante cerca de 220km de Rio Branco. A partir dali, o caminho é via barco: seguindo pelo rio Purus até o rio Chandless, até a entrada do Parque. O trajeto deve ser feito após o contato com a Secretaria de Meio Ambiente do Acre, no endereço eletrônico abaixo.

ESFERA ADMINISTRATIVA

Estadual

DATA DE CRIAÇÃO:

2 de setembro de 2004

ESTADO:

Acre

MUNICÍPIOS:

Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira

BIOMA:

Amazônia

ÁREA TOTAL:

695.503 hectares

INFORMAÇÕES SOBRE A VISITAÇÃO

FUNCIONAMENTO:

Para visitação ao Parque Estadual Chandless, seja com objetivo de pesquisa científica ou de turismo, é necessário enviar um e-mail à Secretaria de Meio Ambiente do Acre solicitando acesso. O endereço é o [email protected]

Com uma rica biodiversidade e mais de 400 espécies de aves registradas, o Parque Estadual Chandless desperta o interesse de muitos pesquisadores, cientistas e observadores de fauna.

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