Conheça o Parque das Dunas
Em uma área de Mata Atlântica no Rio Grande do Norte, a unidade é uma das mais frequentadas do país, de acordo com o Visitômetro dos Parques do Brasil.
08/07/2025

Parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira, o Parque das Dunas pode ser considerado um verdadeiro tesouro natural brasileiro. Localizada no coração de Natal, capital do Rio Grande do Norte, a unidade de conservação de mais de mil hectares é um dos poucos remanescentes do bioma em um estado caracterizado pela brasileiríssima Caatinga, que compreende mais de 90% do território potiguar.
Com uma diversidade natural única, o Parque das Dunas tem características muito específicas – afinal, a exuberância de mata de duna litorânea ao lado de espécies de Caatinga e de mata de tabuleiro resultam em um verdadeiro mosaico da biodiversidade. Toda essa magnitude fez dele o nono parque mais visitado do Brasil em 2023: foram 408.320 visitas de acordo com o Visitômetro dos Parques do Brasil, lançado em março de 2025 pelo Instituto Semeia.
Conheça os 10 parques mais visitados do país.
A presença do Parque Estadual das Dunas do Natal entre os mais frequentados do país deve-se muito ao público do próprio entorno. Repleto de trilhas e opções de atividades ao ar livre (veja mais abaixo), o espaço administrado pelo Idema-RN (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente) faz parte da história da população do estado.
“Recebemos muitos turistas de outros locais, mas o público natalense e potiguar, de maneira geral, é quem mais frequenta. É um parque urbano, muito próximo às áreas em que as pessoas vivem. Tem uma memória afetiva muito forte”, diz a bióloga Mary Sorage, gestora da unidade desde 2007.
Conheça agora o Parque das Dunas e o que fazer nas dependências dele.

Parque das Dunas: uma ilha natural em meio à metrópole
Alguns números do quarto parque mais visitado do Nordeste são superlativos. Considerado o segundo maior parque urbano do Brasil, atrás apenas do Parque Nacional da Tijuca/RJ, ele conta com flora e fauna absolutamente abundantes: são mais de 270 espécies arbóreas distintas, com mais de 350 espécies nativas, e aproximadamente 180 espécies animais.
A área de uso público do Parque das Dunas é o Bosque dos Namorados – espaço que recebe milhares de pessoas semanalmente em busca de um contato mais próximo com a natureza. Além dos laboratórios de botânica e zoologia, a unidade tem três trilhas, espaço para piquenique, mirantes com vista para as exuberantes praias natalenses, parque infantil, área de descanso e restaurante.
“É um privilégio gigante termos um parque como esse no meio da malha urbana de uma cidade como Natal. É um tesouro, que as pessoas deveriam se orgulhar muito. Conseguir ter uma área remanescente de Mata Atlântica como essa diante de toda especulação imobiliária, de toda essa visão utilitarista que parte das pessoas têm da natureza, é motivo de orgulho”, comenta Mary.
A visão crítica da bióloga tem base histórica. De acordo com a SOS Mata Atlântica, o bioma é o mais devastado do Brasil: restam apenas 24% da floresta que existia orginalmente. Por isso, unidades de conservação como o Parque das Dunas têm uma missão fundamental – amparadas pela legislação ambiental brasileira.
“Desde a década de 70, quando começaram reflexões mais aprofundadas sobre meio ambiente, avançamos muito em sensibilização e legislação. Vi florescerem muitos projetos belíssimos, muitas conquistas na área ambiental, mas não podemos esquecer que ainda estamos longe do ideal”, comenta a gestora do parque potiguar.
“O Parque das Dunas é uma ilha natural em meio à cidade de concreto, quando deveria ser o contrário: as áreas urbanas serem ilhas cercadas pelo ambiente natural”, complementa.
O Parque das Dunas e o papel social das unidades de conservação
Mary e todo o restante da equipe que trabalha no dia a dia do Parque das Dunas parecem ter com clareza quais as funções sociais de uma unidade de conservação. Ao mesmo tempo que percebem que as pessoas precisam ter mais conhecimento do que é um parque como esse, projetos são realizados para ampliar a presença em diversos âmbitos da sociedade.
Um destes projetos é o Parque Itinerante que, como o nome sugere, “leva” o Parque das Dunas a escolas e outras instituições. Em parceria com a Reserva Biológica Atol das Rocas, e realizado pelo Idema, a ideia é transcender os limites físicos do parque e sensibilizar as pessoas pela importância da unidade.

“A gente identifica um problema estrutural de educação: as pessoas não conseguem perceber a natureza, a importância de ela simplesmente existir. Um dos nossos principais desafios é tocar o coração das pessoas para que se percebam como parte desse ambiente. Somos parte da natureza”, explica Mary.
Além do Parque Itinerante, diversas outras atividades são realizadas no Parque das Dunas com foco em educação ambiental e sensibilização – um dos objetivos de uma unidade de conservação de proteção integral. Conheça algumas delas:
- Trilhas guiadas: existem três trilhas interpretativas no Parque das Dunas, a Perobinha, a Peroba e a Ubaia Doce. São guiadas com um orientador turístico, com uma interação repleta de informações sobre natureza e a importância do parque. Clique aqui para realizar o agendamento.
- Sala de exposições: conta com diversas informações sobre o parque, incluindo animais empalhados e até uma maquete, mostrando a grandeza da unidade de conservação em relação a Natal.
- Centro de pesquisas: com visitação aberta mediante agendamento, é um espaço que conta com a terceira maior coleção botânica do Rio Grande do Norte.
- Trilha dos Sentidos: também realizada sob agendamento, é uma trilha sensorial que a pessoa faz descalça, vivenciando o ambiente natural por meio dos sentidos.
- Espaço Folha das Artes: focado em exposições, tanto científicas quanto artísticas. É uma área em formato de folha, com uma interação completa como ambiente natural.
- Viveiro de mudas: dentro do Bosque dos Namorados, utilizado para educação ambiental. Acontecem campanhas de plantio de mudas, para que as pessoas plantem, tenham a “sua própria” árvore, criem memórias afetivas e ampliem a sensação de pertencimento.

O Parque das Dunas no contexto do Rio Grande do Norte
Durante a conversa do Conexão Semeia com Mary Sorage, a gestora do Parque das Dunas fez questão de lembrar o momento vivido pelo estado do Rio Grande do Norte. Contando com um dos parques mais visitados do país na sua capital, o estado tem tido boas notícias quando o assunto são unidades de conservação.
Em junho de 2025, o Parque Nacional da Furna Feia, localizado nas cidades de Baraúna e Mossoró, foi aberto para visitação pública; um pouco antes, em 2022, foi criado o Monumento Natural Cavernas do Martins, na cidade de Martins, considerado a maior unidade de conservação estadual potiguar da Caatinga.
“A abertura da Furna Feia é espetacular, é um atrativo incrível que as pessoas poderão conhecer, assim como o Mona em Martins. É muito importante para o estado, para o Nordeste e para o Brasil como um todo termos dois novos parques no bioma caatinga”, comentou Mary.
ESFERA ADMINISTRATIVA
Estadual
DATA DE CRIAÇÃO:
22 de novembro de 1977
ESTADO:
Rio Grande do Norte
MUNICÍPIOS:
Natal
BIOMA:
Mata Atlântica
ÁREA TOTAL:
1.172 hectares
INFORMAÇÕES SOBRE A VISITAÇÃO
MAIS INFORMAÇÕES:
O Parque Estadual Dunas do Natal abre diariamente das 7h30 às 17h, com exceção das segundas-feiras quando está fechado para manutenção.
A visitação tem o custo simbólico de R$ 1, e conta com monitores ambientais. Para mais informações e planejar sua visita, acesse o site do Parque das Dunas.