Conheça o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu
Cavernas, cânions e um paraíso arqueológico pouco conhecido
05/05/2022
Visitar grandes painéis de pinturas rupestres desenhadas com riqueza de pigmentos derivados do calcário, observar a maior estalactite do mundo e admirar a grandiosidade do cânion do rio Peruaçu. Essas são apenas algumas das possibilidades para quem visita o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
Localizada na região norte do estado de Minas Gerais, a área reúne uma grande diversidade de relevos e paisagens. Segundo Dayanne Sirqueira, chefe da unidade de conservação, atualmente são 11 atrativos abertos ao público.
Há muitos lugares no mundo que possuem cânions, muitas regiões que têm pinturas rupestres, outras várias em que existem cavernas. Mas há poucos lugares com os três atrativos juntos, como o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.”
Um pouco de história
Em setembro de 1989, mais de 200 mil hectares da região foram registrados como Área de Proteção Ambiental (APA). Em 1999, o Ibama decretou 56,5 mil hectares desse total como Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, incluindo não apenas o núcleo principal das cavernas, mas também extensas superfícies com cobertura vegetal nativa e que são representativas dos biomas Cerrado e Caatinga.
Atualmente, o parque e a APA são UCs contíguas, com gestão conjunta. No entanto, as visitações podem ser feitas apenas no parque, que está localizado nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões.
De acordo com o plano de manejo, existem cerca de 180 cavidades subterrâneas no parque – a maior delas, conhecida como Gruta do Janelão, atinge 100 metros de altura. As cavernas protegem mais de 80 sítios arqueológicos, que possuem pinturas rupestres datadas de até nove mil anos atrás.
Toda essa riqueza é cercada por um bioma de transição entre Cerrado e Caatinga, que muda as cores do Peruaçu e as percepções de quem o visita no decorrer do ano.
Da seca para a chuva, tudo fica colorido e há muito rosa. Da chuva para a seca, há mais tons de marrom. Isso tudo em contraste com o carste, que é a formação rochosa de calcário”, explica Dayanne.
Esse é um dos motivos pelos quais ela recomenda visitas em diferentes momentos do ano, para que seja possível viver experiências distintas: na época de chuva (novembro a abril), na época de seca (maio a outubro), na transição de chuva para seca e na transição de seca para chuva.
O ambiente favorece uma fauna diversa, com a presença de onça-parda, jaguatirica, onça-pintada, além de 19 espécies ameaçadas de extinção, como o pato-mergulhão e o gavião-de-penacho, segundo o plano de manejo do parque.
Atrações do Peruaçu
Em média, são necessários quatro dias para conhecer os locais abertos ao público. Todas as trilhas exigem guia e atualmente há 113 condutores credenciados. Para hospedagem, há pousadas situadas no entorno. Confira abaixo um pouco sobre cada atração:
Gruta do Janelão
Atração mais visitada, a Gruta do Janelão é de tirar o fôlego. Diferente das cavernas convencionais, essa é iluminada por claraboias naturais. O enorme paredão rochoso logo na entrada possui registros de pinturas rupestres, enquanto o interior abriga a maior estalactite do mundo, a Perna de Bailarina (28 metros), de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Trilha do Arco do André
Boa opção para aventureiros, a trilha do Arco do André é considerada a mais difícil do parque. São oito quilômetros de extensão, com subidas e descidas íngremes que exigem condicionamento físico dos caminhantes. Quem passa por lá ainda tem a oportunidade de observar a natureza por mirantes naturais únicos e visitar as cavernas Troncos e Cascudos.
Gruta Bonita
Única caverna totalmente escura aberta à visitação no parque, “Bonita” é um dos atrativos de mais fácil acesso no Peruaçu. Destaca-se pela riqueza de espeleotemas, que são as formações rochosas típicas de cavernas, como estalactites e estalagmites. É possível entender porque ela leva esse nome nesse mapeamento feito em realidade virtual.
Gruta do Índio
Também de fácil acesso, graças à instalação de passarelas de visitação, a Gruta do Índio possui grandes paredões de pinturas rupestres pré-históricas. Por lá, é possível enxergar a entrada da Gruta do Janelão.
Lapa do Boquete
Um dos principais sítios arqueológicos do Peruaçu, a Lapa do Boquete (pronuncia-se “boquête”, com o “e” fechado) foi assim denominada em referência a uma abertura estreita ao redor da caverna, parecida com uma boca. No local já foram encontrados sepultamentos e esqueletos de sete mil anos atrás e instrumentos de pedra com 12 mil anos de idade.
Os vestígios, assim como as pinturas rupestres, estão disponíveis para visualização em 3D no site do Museu do Cerrado.
Lapa dos Desenhos
Após uma trilha feita à beira do rio Peruaçu e uma subida íngreme, chega-se à Lapa dos Desenhos, onde há pinturas rupestres surpreendentes, ricas em cores, técnicas e estilos. Ali estão os desenhos mais bem preservados da região, que podem ser observados a partir de uma plataforma instalada no local.
Gruta do Rezar
Destaca-se pelo contraste provocado pela entrada de luz na caverna através de sua claraboia, pelos grandes salões e pela riqueza de arte rupestre. Mas, prepare-se: a chegada à gruta inclui uma escada de 500 degraus.
Lapa do Caboclo
Além de visitar a caverna caminhando por uma passarela adaptada, é possível encontrar uma grande concentração de pinturas rupestres em seus paredões, algumas com formato de corpo humano – por isso o nome Caboclo. A trilha que leva até o local segue pela mata até o início da gruta do Carlúcio.
Gruta do Carlúcio
Com formações rochosas construídas pelo tempo ao longo de milhares de anos, a Gruta do Carlúcio é mais uma ótima opção para admirar a beleza natural do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Para chegar até o local, o visitante passa por uma série de mirantes naturais. Na entrada, é possível verificar de perto rochas que formavam o teto da gruta, mas que cederam recentemente.
ESFERA ADMINISTRATIVA
Federal
DATA DE CRIAÇÃO:
21 de setembro de 1999
ESTADO:
Minas Gerais
MUNICÍPIOS:
Januária, Itacarambi e São João das Missões
BIOMA:
Transição Cerrado-Caatinga
ÁREA TOTAL:
56.448 hectares
INFORMAÇÕES SOBRE A VISITAÇÃO
ENTRADA
Gratuita
FUNCIONAMENTO:
De quarta a domingo, das 8 às 18 horas (entrada até 12 ou 14 horas, a depender do atrativo visitado)