O Brasil abriga quase 3000 unidades de conservação, que protegem 19% da nossa área continental. Infelizmente, as queimadas de 2024 colocam essas áreas estratégicas sob uma ameaça sem precedentes. 

Parques nacionais e estaduais icônicos estão em chamas, expondo sua vulnerabilidade. Somente este ano, foram afetados pelos incêndios Parques Nacionais como o de Brasília, Itatiaia, Serra dos Órgãos, Serra do Cipó, Chapada dos Veadeiros, Nascentes do Rio Parnaíba e Araguaia. Esse último, no estado do Tocantins, teve cerca de 332 mil hectares afetados – área equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo. 

O agravamento da crise climática, com temperaturas que já excedem as previsões científicas mais pessimistas, uma seca sem precedentes, além dos incêndios criminosos são alguns dos fatores responsáveis pela destruição. 

Enfrentamos desafios também nos recursos humanos e financeiros disponíveis para lidar com esses eventos. Apesar de um aumento no orçamento do Ministério do Meio Ambiente em 2024, os recursos destinados ao ICMBio, órgão responsável pela gestão de nossas unidades de conservação – inclusive parques nacionais, sofreram grande redução. Dos R$ 17,6 bilhões destinados ao Ministério do Meio Ambiente em 2024, apenas R$ 1,07 bi serão alocados para o ICMBio este ano. 

No contexto da crise, o Governo Federal acaba de editar medida provisória para a liberação de R$ 514,5 milhões para combate à seca e aos incêndios, com recursos que serão destinados ao Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, ICMBio, Ministério da Justiça e Forças Armadas. Esses recursos poderão ser alocados em ações de monitoramento, contratação de brigadistas, aquisição de equipamentos e investigações da Polícia Federal.

Além de ações emergenciais, precisamos de políticas integradas que incluam a ampliação de áreas protegidas, o aumento do financiamento público e de investimentos privados para a gestão de unidades de conservação, bem como incentivos à adoção de práticas sustentáveis na agropecuária. Sem essas ações, o futuro dos parques e da biodiversidade que eles abrigam estará em risco.

O Semeia está comprometido em atuar de forma estratégica para proteger nossos parques e biomas. Temos intensificado campanhas de conscientização nas redes sociais e canais de comunicação, compartilhando formas de apoiar brigadas de incêndio e denunciar queimadas. Continuamos apoiando o ICMBio e diversos governos estaduais a pensar estratégias que fortaleçam a gestão e o financiamento das unidades de conservação. Reforçamos nosso comprometimento para que mais pessoas possam visitar e usufruir, de forma sustentável, de nossos parques. Além disso, difundimos pesquisas e conteúdos com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o valor ambiental, cultural, social e econômico dos parques brasileiros.

O momento exige ação. Precisamos de um compromisso coletivo para garantir que nossas unidades de conservação, que são patrimônio de todos os brasileiros, permaneçam protegidas. O fogo não pode apagar o futuro que queremos para o Brasil.

Informações úteis

Para realizar denúncias 

Caso presencie algum foco de incêndio, ou qualquer crime contra a natureza, contate imediatamente a Linha Verde do Ibama pelo número 0800 061 8080 ou acesse o site para obter mais informações. 

Em caso de incêndio, ligue 193 para acionar o Corpo de Bombeiros. Se avistar alguém colocando fogo em perímetro urbano, contate a Polícia Federal pelo 194. Se o fogo estiver próximo às estradas, ligue 191. 

Para apoiar o trabalho de combate ao fogo e recuperação dos ecossistemas

Diversas organizações do terceiro setor atuaram ou ainda continuam trabalhando para a formação de brigadas de combate ao fogo, resgate de animais e auxílio às comunidades afetadas em diversas regiões do país. Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Ecológicas (IPÊ), cerca de 200 brigadas voluntárias atuam, hoje, no combate às queimadas. Para subsidiar suas atividades, essas instituições precisam de apoio financeiro. 

Veja como e para quem doar:

Associação Caminho dos Veadeiros

Brigadas voluntárias de combate aos incêndios na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO).

Pix: [email protected] (identificar o pix como “doação brigadas”).

Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) 

Arrecadação de recursos para destinar equipamentos e melhores estruturas para brigadas voluntárias e comunitárias atuando em regiões de intensa ameaça. 

Clique aqui para doar. 

Onçafari

Reconstrução de recintos de reintrodução de animais silvestres, compra e reposição de medicamentos e resgate e apoio aos animais sobreviventes.

Pix: 24.030.384/0001-53

SOS Pantanal

Coordenação do programa Brigadas Pantaneiras e apoio no monitoramento de focos de incêndio no bioma.

Pix: [email protected]

WWF-Brasil

Formação de brigadas, resgate de animais e recuperação de comunidades e ecossistemas atingidos pelo fogo no Cerrado, Amazônia e Pantanal.

Clique aqui para doar.

*Renata Mendes é diretora executiva do Instituto Semeia, e Guilherme Passos e Pedro Passos integram o Conselho de Administração da instituição.