Desde que foram criadas, as unidades de conservação têm um sentido bastante claro, que fica explícito no próprio nome: conservar o ecossistema em que estão inseridas. Mas é possível proteger e conservar sem que a população conheça, frequente e seja parte da existência dos parques?

Sejam eles nacionais, estaduais ou municipais, levar as pessoas para dentro dos parques deve ser parte do DNA da função de cada um deles. Neste contexto, muitos esportes de aventura podem ser praticados nesses ambientes – atividades que ocorrem no meio natural e que possuem algum grau de incerteza e risco.

Mas para quem quer iniciar nesse universo de contato com a natureza ou mesmo realizar práticas recreativas, inúmeras atividades de turismo de aventura são uma excelente oportunidade para aproximar a população das unidades de conservação. O turismo de aventura, portanto, é a oportunidade de, com empresas e profissionais qualificados, levar a prática dessas atividades para mais pessoas.

“A gente acredita que só conhecendo alguma coisa é que a pessoa pode preservar ou conservar. Se a gente não conhece e não sabe qual a função, não entende a importância do ecossistema, como vai conservar? As pessoas precisam viver aquilo”, pergunta Marina Marchezini, bióloga e diretora técnica da Abeta.  

“Através destas atividades de turismo de aventura acontecendo dentro de parques, é possível fomentar a vida ao ar livre. Os parques se tornam uma ferramenta que aproxima as pessoas da transformação ambiental: propondo um ambiente natural, que pense na sustentabilidade em longo prazo, que aproxime de forma ordenada essa consciência conservacionista”, complementa.  

Com centenas de parques em todo o Brasil, algumas atividades de turismo de aventura ganham cada vez mais espaço. Conheça agora algumas delas – e onde você pode praticá-las. 

Caminhada e caminhada de longo curso

A diferença básica entre as duas é que na caminhada de longo curso existe um pernoite, acampando ou em receptivos familiares, por exemplo, antes de continuar o trajeto, diferentemente da caminhada “normal” que começa e termina no mesmo dia. 

Os parques brasileiros, inclusive, são espaços excelentes seja para quem quer começar nesta atividade ou para quem está buscando maiores desafios: em todos abertos para visitação é possível realizar uma caminhada. Inclusive em parques urbanos as caminhadas são uma das atividades mais realizadas. 

Lembre-se: sempre que for fazer uma caminhada, especialmente aquelas mais longas, é fundamental realizar corretamente o planejamento e preparo para a atividade – na dúvida, ou mesmo para ter uma experiência diferente, contrate um guia credenciado! 

Como mencionado, a caminhada é uma das atividades mais praticadas em nossos parques. Destacamos um parque de cada região do Brasil com caminhadas fantásticas: 

🌳 Parque Nacional da Chapada Diamantina – BA

🌳 Parque Nacional da Chapada dos Guimarães – MT 

🌳 Parque Nacional do Monte Roraima – RR

🌳 Parque Nacional da Serra do Cipó – MG

🌳 Parque Nacional de Aparados da Serra – RS/SC

Canionismo 

Uma das atividades de turismo de aventura que envolve água, o canionismo é realizado em cânions – como o próprio nome diz. Nele, o turista segue o percurso de um curso de água, sem embarcação, do início até o fim, superando diversos ‘obstáculos’, como corredeiras e cachoeiras, por exemplo.

Nesta atividade, seguimos apenas o caminho que a própria natureza criou, podendo ser necessário o uso de diversas técnicas, com rapel, escalada ou até nadar, gerando uma sensação de liberdade única! 

No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros-GO é possível realizar o canionismo no rio Preto – contratando empresas devidamente autorizadas. 

Cicloturismo

A atividade de cicloturismo é nada mais do que realizar um trajeto pedalando uma bicicleta. O Brasil tem vivido um boom no mercado de bicicletas nos últimos anos, o que faz com que cada vez mais seja uma prática comum por todo o país. 

Como qualquer atividade de turismo de aventura, é importante que ao praticar o cicloturismo você respeite seus limites para aproveitar a sensação do vento no rosto enquanto pedala. 

Em 2023, uma nova rota de cicloturismo foi inaugurada, ligando duas Unidades de Conservação: o Parque Nacional das Sete Cidades-PI e o Parque Nacional de Ubajara-CE. Em um percurso de 130km dentro de áreas de proteção ambiental, a Caminhos de Ibiapaba foi inaugurada em fevereiro de 2023 e faz parte da Rede Brasileira de Trilhas de Longa Curso. 

Outra rota bastante conhecida é a do Parque Nacional da Serra do Itajaí-SC, no Vale Europeu. Com 267km, ela margeia a Unidade de Conservação passando por 9 cidades catarinenses. 

Escalada

Os praticantes de escalada têm a experiência de subir pedras, montanhas e fendas utilizando os próprios braços e pernas. Ainda que a altura possa causar calafrios em alguns, a atividade é bastante segura: utilizando os equipamentos de segurança corretos e sob supervisão de profissionais capacitados, ela tem um grau de risco muito, muito baixo. 

Alguns excelentes espaços públicos no Brasil para a prática da escalada estão no estado do Rio de Janeiro. São eles o Parque Nacional do Itatiaia, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e o Parque Estadual dos Três Picos.

Kite surfe

Seja no mar ou em lagos, o kite surfe é uma atividade em que o vento é o motor que possibilita ao praticante deslizar sobre a superfície da água. Valendo-se da força do vento aliada à uma pipa (o ‘kite’), o praticante surfa pela água em cima de uma prancha, podendo alçar voos e saltos que se traduzem em movimentos singulares.

O kite surfe também pode ser praticado dentro dos parques brasileiros. O Nordeste brasileiro é reconhecido mundialmente como um excelente local para velejar de kite: não só pela beleza estonteante, mas também pela alta probabilidade de ventos propícios para a prática durante a temporada. 

Duas unidades de conservação são ótimas para o kite surfe: o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (especialmente na região de Atins) e o Parque Nacional de Jericoacoara.

Rafting 

Sempre sob condução de um responsável capacitado, esta atividade acontece em cima de um bote inflável, que desce rios e corredeiras. 

Na embarcação você irá desbravar um curso de água em meio à natureza. Antes de praticar, procure saber qual a dificuldade da classe do rafting que você vai fazer: em atividades de turismo de aventura, ela normalmente fica entre a classe I e a classe IV. 

O Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleo Santa Virgínia) é um excelente local para a prática do rafting dentro de uma Unidade de Conservação.

“Estas atividades são uma excelente ferramenta para empoderar a comunidade, para que as pessoas se sintam pertencentes a este ambiente natural. Os parques se tornam ambientes de lazer ao ar livre, proporcionando atividades de ecoturismo que também funcionam como atividades de educação e de interpretação ambiental”, finaliza Marina. 

E não esqueça: nunca abra mão da sua segurança no turismo! Qualquer atividade de aventura envolve riscos. Por isso, controle todos os riscos procurando prestadores de serviços seguros e que implementem as normas técnicas referentes à atividade.