Segundo dia do Parques do Brasil destaca a importância da natureza na vida das pessoas
Confira como foi o segundo e último dia do Parques do Brasil 2021, que destacou a importância da reconexão das pessoas com a natureza, especialmente durante a pandemia.
10/06/2021
O segundo dia do evento Parques do Brasil 2021 foi um convite à visitação e valorização dos parques brasileiros. Os debates trouxeram à tona como esses espaços podem contribuir para a saúde e o bem-estar, e o que é preciso fazer para que eles se tornem bens universais, acessíveis a todos. Novamente, a participação do público, que acompanhou o evento ao vivo pelo Youtube do Semeia, foi muito ativa. Aproximadamente 200 pessoas assistiram aos painéis em tempo real.
O primeiro debate da tarde também falou sobre essa necessidade de contato das pessoas com a natureza. Na conversa de Petria Chaves, da Rádio CBN, com o médico pediatra e keynote speaker do dia, Daniel Becker, ficou clara a importância do verde, ainda mais neste contexto pandêmico. Com um exercício simples, que pedia aos participantes para fechar os olhos e imaginar crianças felizes e saudáveis, Becker chamou a atenção para a nossa relação com a natureza. Para ele, a desconexão, que começa antes mesmo da criança nascer, pode servir para descrever nossa situação atual.
E o que fazer para sair desse ciclo de desconexão? “Precisamos nos reconectar”, destacou Becker, com mudanças individuais e coletivas, como políticas públicas que promovam cidades mais verdes, com acesso a parques e praças. Para ele, também é preciso investir na promoção do contato das crianças com esses espaços. “A natureza convida a criança à exploração, à criatividade e combate os principais males, como a obesidade e a hiperatividade”, disse. Becker destacou que a criança também é importante para a natureza já que, ao conviver com esse ambiente, ela vai aprender a amá-lo e defendê-lo no futuro.
Seguindo no tema de reconexão das pessoas com a natureza, foi realizado o painel “Parques & Pessoas: novas formas de conexão e geração de vínculos”, que contou com a participação de Jens Brüggemann, Diretor do Programa Biodiversidade, Florestas e Clima da GIZ Brasil, Angela Kuczach, Diretora-Executiva da Rede Pró-UC, e Dennis Hyde e Leticia Alves , idealizadores do Projeto Entre Parques BR, além da mediação da Diretora-Executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota.
Jens trouxe para o debate a experiência europeia, especialmente no Parque Nacional Müritz, na Alemanha. Ele enfatizou o importante papel da recepção de turistas nessas áreas e contou como foi a consolidação da construção da identidade visual das unidades de conservação na Alemanha, bem como sua importância para melhorar o acesso dos visitantes.
Na sequência, Kuczach falou sobre o projeto Um Dia No Parque, que nasceu em 2018 para difundir a visitação e promover a valorização dos parques brasileiros. “Queremos que as pessoas conheçam e se apaixonem pelos parques, porque assim elas vão começar a entender a importância dessas áreas para a sua vida e vão ajudar a protegê-las ainda mais”, destacou. Este ano a iniciativa acontece no dia 18 de julho e vai focar nas histórias das pessoas que se dedicam a essas áreas, resgatando o vínculo emocional, a memória e a história dos parques.
Para finalizar, o primeiro painel trouxe ainda as experiências de visitantes de parques, ilustradas pelo casal Letícia e Dennis, que acabou de sair em uma expedição pelos 74 parques nacionais. A aventura se tornou um projeto, intitulado “Entre Parques BR”, e visa estimular a visitação, mostrar as belezas e curiosidades de cada uma dessas áreas protegidas. “Nós queremos emprestar nossos olhos para que outras pessoas possam conhecer os parques”, ressaltou Letícia.
O segundo painel teve como título “Natureza para todas e todos: como ampliar o acesso aos parques?” e contou com a participação de Evelyn Santos, Analista de Comunicação no UNOPS do Brasil, Ricardo Gonzalez, idealizador do Movimento Praia para Todos, Bebel Barros, do Programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, e mediação de Lívia Alen, Gerente de Projetos na ONU Mulheres do Brasil.
Com diferentes abordagens sobre a diversidade nos parques, os painelistas destacaram como essas áreas precisam ser pensadas para todas as pessoas. Evelyn Santos falou sobre o acesso aos parques pelas mulheres, enfatizando as diretrizes e orientações reunidas na publicação Parques para Todas e Todos – Sugestões para a implantação de parques urbanos com perspectiva de gênero, produzida pela UNOPS do Brasil e o Instituto Semeia. “Estamos pensando no acesso das mulheres nos parques que estamos planejando?”, perguntou, destacando que “não tem como pensar em parques inclusivos sem levar em conta a questão da violência”.
Já Gonzalez trouxe a acessibilidade do ponto de vista das pessoas com deficiência. Partindo da sua experiência pessoal de cadeirante e frequentador de parques, ele ressaltou que a acessibilidade ainda é precária no Brasil e que, ao pensar nisso, é preciso ir além do acesso aos espaços físicos, disponibilizando também acesso às informações. Para ele, a capacitação da equipe para receber essas pessoas e a divulgação dos espaços acessíveis também são imprescindíveis. “É um impacto incrível na qualidade de vida das pessoas com impacto mínimo de intervenção”, disse.
Por fim, Bebel Barros falou sobre como os parques podem se tornar espaços mais atrativos para as crianças. Para ela, há três caminhos para isso: aumentar o número de áreas verdes, melhorar as oportunidades de visitação e aprimorar a qualidade das experiências nos parques. Para exemplificar, ela apresentou o conceito de parques naturalizados, ou seja, espaços que substituem os parquinhos e onde a natureza é o principal brinquedo para as crianças.
Todos os painéis da 5ª edição do Parques do Brasil podem ser acessados no canal do Instituto Semeia, no Youtube. Confira os debates na íntegra!