Parques naturais e parques de diversão: qual deles é o preferido dos brasileiros e das brasileiras?

Parques naturais ainda perdem em popularidade para parques de diversão, mas têm espaço para crescer e conquistar visitantes

11/11/2025

Se você parar agora e digitar “parque” ou “parques do Brasil” no Google Imagens, adivinha o que aparece primeiro? Parquinhos infantis, parques de diversão, grandes parques aquáticos. Já os parques naturais, sejam nacionais, estaduais ou municipais, que guardam algumas das maiores belezas e riquezas do planeta, quase não aparecem.

Essa diferença revela algo importante: o Brasil ainda não tem uma cultura consolidada de visitação aos seus parques naturais.

Apesar de sermos um dos países mais ricos em biodiversidade, reconhecido pela Forbes como melhor destino para o ecoturismo, o interesse do público ainda se concentra em destinos de lazer atrelados aos parques de diversão e entretenimento. De acordo com o Anuário da Braztoa 2025, os parques Beto Carrero e Beach Park ocupam as duas primeiras posições entre as atrações turísticas mais vendidas do país. A primeira referência aos destinos naturais aparece apenas na quarta colocação, com as Cataratas do Iguaçu (Parque Nacional do Iguaçu), e depois com o Parque Estadual do Jalapão, em sétimo.

Os dados reforçam uma concentração da demanda em experiências consolidadas, enquanto as áreas protegidas e os destinos de ecoturismo ainda podem avançar na preferência dos viajantes. De acordo com levantamento do Ministério do Turismo, em parceria com a Nexus, o ecoturismo aparece com apenas 4% das menções entre as experiências favoritas dos brasileiros, um indicativo de que o contato com a natureza ainda não ocupa o protagonismo que poderia no imaginário das viagens nacionais.

Parques de diversão dominam em pesquisas no Google Imagens

Por outro lado, o turismo de sol e praia, como o vivido no Parque Nacional de Jericoacoara, por exemplo, aparece com 45% das menções e Fernando de Noronha, que é um parque nacional, aparece no topo da lista dos destinos turísticos brasileiros que os respondentes mais gostariam de visitar, o que nos conta que o potencial de conversão desse público para o turismo em parques é promissor.

Essa tendência também se reflete nas buscas online. Segundo o Google Keyword Planner (ferramenta de planejamento de palavras-chave para anúncios do Google), a média mensal de pesquisas por “parque de diversão” (49.500) é mais de cinco vezes maior do que a de “parque nacional” (8.100). Mesmo expressões como “parque natural” têm uma presença tímida (3.600 buscas mensais).

O contraste mostra que, apesar do crescimento do interesse pelo turismo de natureza, o brasileiro ainda associa a ideia de “parque” muito mais ao entretenimento do que à conservação e ao turismo de natureza. 

A importância de construir uma cultura de visitação

Essa diferença não se explica apenas por preferências de lazer. Ela é reflexo de um processo histórico e cultural. A criação e a consolidação dos parques naturais no Brasil são relativamente recentes, e o acesso a eles ainda enfrenta desafios estruturais, como acesso, infraestruturas de visitação e a própria divulgação.

Mas há também um desafio simbólico: muitos brasileiros não se sentem parte dos parques, como se fossem espaços distantes do cotidiano, quando na verdade são patrimônios de todos os brasileiros e brasileiras e fundamentais para o equilíbrio ambiental e, consequentemente, nossa qualidade de vida.

Construir essa cultura de visitação leva tempo, mas é um passo essencial. Fortalecer a visitação em parques naturais significa aproximar as pessoas da natureza, gerar consciência ambiental, estimular economias locais e ampliar o sentimento de pertencimento.

Parques naturais e parques de diversão: o jogo que pode ser mais equilibrado

Em 2012, a visitação em parques nacionais e estaduais que monitoram a visitação estava em cerca de 6 milhões. Em 2023, o total estimado foi 15,9 milhões de visitas – um crescimento de mais de 160%. Apesar de ainda não figurarem no top 3 destinos mais vendidos do país, o turismo em parques cresceu muito nos últimos anos, indicando que pode ir ainda mais longe.

Mas para que esse potencial se realize plenamente e de forma sustentável, que hoje calculamos ser em torno de 56 milhões de visitas anuais, é preciso transformar nossa relação com os parques: de visitantes ocasionais para cuidadores e admiradores permanentes.

Serra do Itajaí está a cerca de 1h20 de viagem do Beto Carrero World, em Santa Catarina | Foto: Cristian Janke

Esse é um trabalho que deve ser integrado entre diferentes setores da administração pública, sobretudo turismo, meio ambiente, saúde e economia, de modo a ampliar a presença dos parques naturais nos roteiros turísticos brasileiros, ampliar a divulgação deles e garantir que a maior parcela da população possa ter acesso a esses espaços e seus benefícios. O estabelecimento de parcerias com o setor privado para investimentos e qualificação das atividades e serviços oferecidos aos visitantes também é uma ferramenta importante.

Parques naturais e parques de diversão muitas vezes competem pela atenção e preferência do público. Mas, ao mostrar o valor dos primeiros e proporcionar experiências de qualidade, é possível equilibrar essa disputa: todos saem ganhando. 

Afinal, se alguém viaja para conhecer o Parque Nacional da Serra do Itajaí, com acessos principais por Blumenau e Guabiruba (SC), por que não esticar mais 1h20 de viagem para aproveitar também o parque de diversão mais famoso do estado? Assim, é possível aproveitar o melhor de cada tipo de experiência.

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