Observação de aves: o que é, como praticar e dicas para quem quer começar
Brasil é um dos países com maior número de aves no mundo, e conta com centenas de lugares propícios para este tipo de atividade
30/10/2025
Foto: Giles Laurent
Não é novidade que o Brasil é um dos países com biodiversidade mais abundante. Com um dos mais ricos e variados ecossistemas do planeta, nosso país é um cenário perfeito para uma atividade que reúne mais de 100 milhões de praticantes no mundo: a observação de aves.
Os números ajudam a traduzir a importância do país no cenário mundial do chamado birdwatching. De acordo com a BirdLife International, existem 10.426 de espécies de aves no mundo; deste total, 1.971 são encontradas no território brasileiro – o que nos coloca entre os três países com mais alto índice de endemismo de aves, ao lado de Colômbia e Peru.
A conexão entre conservação da natureza, observação de aves e turismo é cada vez mais forte. Embora não exista um número exato, a SAVE Brasil estima que existam cerca de 100 mil observadores no Brasil – e que esta cifra tem crescido consistentemente ano a ano.
“A observação de aves é a forma mais simples e inspiradora de se conectar com a natureza”, observa Juliana Vitório, bióloga e coordenadora de projetos na SAVE Brasil.
Esta sensação de proximidade com o ambiente natural está totalmente ligada à conservação. Afinal, é inegável que a existência de milhares de unidades de conservação pelo Brasil auxilia a garantir a presença de aves pelo céu brasileiro.
“Unidades de conservação são verdadeiros refúgios. Observar aves nessas áreas é mais do que lazer. Esses espaços são essenciais porque é onde conseguimos enxergar a vida pulsando em equilíbrio, percebendo a importância dos ecossistemas e entendendo o papel de cada espécie. Além disso, os parques tornam a observação de aves mais acessível, conectando a sociedade à conservação de maneira prática e emocional”, complementa Juliana.
Passarinhar pelo Brasil
O verbo passarinhar já virou comum no ambiente dos parques. O neologismo explica de uma maneira lúdica – e bastante clara – o que as pessoas fazem quando praticam observação de aves.
No Brasil, diversas iniciativas são realizadas para ampliar as possibilidades da atividade. Uma delas é o Global Big Day, que foi criado em 2015 pelo Laboratório de Ornitologia de Cornell. A ideia era simples: reunir pessoas de todo o mundo para observar aves e registrar o maior número possível de espécies em um único dia na plataforma eBird, unindo paixão pelas aves e ciência.
Em 2025, o October Big Day Brasil foi um sucesso: o país ficou, mais uma vez, entre os cinco primeiros do ranking mundial: ficamos em terceiro lugar no número de espécies observadas, (1.263) e, em quarto lugar no número de listas enviadas ao eBird (6.663).
A SAVE Brasil realizou mobilizações organizadas em cinco regiões, com o propósito de contribuir diretamente para a conservação de aves. Clique aqui para saber mais sobre a ação.
A observação de aves e o ciclo virtuoso da conservação

O universo da observação de aves no mundo é extremamente vasto. Estima-se que existam mais de 100 milhões de pessoas que praticam a atividade no mundo – gerando uma receita de aproximadamente 90 bilhões de dólares anuais.
O que explica tanta gente passarinhando? Além do contato direto com a natureza, existem alguns componentes que podem funcionar como facilitadores. É claro que muita gente utiliza binóculos e máquinas fotográficas, mas para a observação de aves apenas a vontade é suficiente: de qualquer lugar, e mesmo sem nenhuma ferramenta, é possível praticar.
“Observar aves não depende de espaços extraordinários ou de grandes bandos de aves, qualquer espaço natural pode se tornar um lugar de descobertas. Inclusive, é uma atividade que não tem idade e nem limite e a verdadeira essência está nas pequenas descobertas, como notar o movimento de uma ave entre as folhas, ouvir um canto desconhecido, perceber pequenos comportamentos”, explica Juliana.
A frase da especialista da SAVE Brasil faz pensar que qualquer parque natural é um bom lugar para observar aves. Será que é assim mesmo? Sim, com certeza! Estar na natureza, em qualquer um dos parques brasileiros, é o que basta para a observação de aves.
O Terceiro Censo Brasileiro de Observação de Aves trouxe dados que atestam essa afirmação. Dentre as pessoas entrevistadas, 83% disseram que costumam observar aves em parques naturais, enquanto que 54,9% afirmaram fazer viagens focadas em observação de aves.
Ou seja: é claro que você pode viajar para ver aquela espécie endêmica de uma região, como a choca-do-acre no Parque Nacional da Serra do Divisor (AC) ou o soldadinho-do-araripe no Geoparque do Araripe (CE). A dica principal, porém, é que não importa em que cidade você esteja – aquele parque que fica aí pertinho é, com certeza, um excelente local para passarinhar.

Com o movimento crescente da observação de aves no Brasil, fica nítido que a prática é um ativo importante no ciclo virtuoso da conservação, que inclui a visitação, as unidades de conservação e a geração de renda. Nos Estados Unidos, que têm menos da metade do número de aves do Brasil, o ato de passarinhar movimenta mais de 40 bilhões de dólares por ano. No nosso país, as possibilidades de desenvolvimento socioeconômico são imensas.
As 6 principais dicas para quem quer começar
A especialista da SAVE Brasil Juliana Vitória auxiliou o Conexão Semeia a desenvolver uma série de dicas para quem quer iniciar no universo da observação das aves. Veja quais são!
- Comece pelas aves do seu bairro, até mesmo do seu quintal ou janela do apartamento. Afinal, como já falamos neste texto, todo ambiente ao ar livre é propício para passarinhar.
- Observe. Cores, sons, comportamentos: coloque sua atenção nas aves, sem pressa, sem acelerar o tempo.
- Aos poucos, comece a explorar as plataformas de observação de aves. Sabe aquele passarinho azul que apareceu na janela? Qual o nome dele? Ferramentas como Wikiaves e Merlin podem ajudar.
- Participe de grupos! Diversas regiões do país possuem grupos de troca de ideias e de saídas para observação de aves. Alguns deles são em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. Faça uma pesquisa rápida no Google com “vem passarinhar” + “o nome da sua região” e encontre a sua turma.
- Colabore com a ciência cidadã e registre suas observações no eBird.
- Aproveite o momento: cada encontro é uma chance de se conectar com a natureza!