Para se ter uma ideia da magnitude do Parque Estadual do Turvo, o local já foi chamado por especialistas como um tipo de “Amazônia gaúcha”, por conta da vasta biodiversidade. Realidade ou exagero, é inegável o valor ambiental e natural desta Unidade de Conservação – sendo, inclusive, a principal área florestal do Rio Grande do Sul.

Com mais de 17 mil hectares de mata nativa, centenas de espécies de aves, outras centenas de espécies de flora, o Parque tem no Salto do Yucumã o principal atrativo. Com 1,8km de extensão, é considerada a maior queda d’água longitudinal do mundo (ou seja, com maior comprimento em linha reta). 

Funcionando como parque estadual desde 1954, em 2023 o local contou com uma mudança importante: o governo do Rio Grande do Sul assinou uma parceria público-privada com vigência de 30 anos. O processo teve apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e também contou com a atuação do Instituto Semeia intermediando, sempre tendo como base o destino principal de um parque – a conservação do meio ambiente.

De acordo com o plano de manejo do Parque Estadual do Turvo, o espaço conta com uma capacidade de carga de 490 pessoas, contando todos os atrativos. Segundo Carlos Kuhn, guarda-parque e gestor substituto desde janeiro de 2024, este início de parceria tem sido muito positivo.

“Acreditamos que o uso público e a visitação do Parque são fundamentais para o processo de conservação. Com a parceria, nossa equipe consegue ter mais tempo para focar na fiscalização do perímetro do Parque e no auxílio à pesquisa científica”, explica.

Outro ponto levantado por Kuhn pode auxiliar a desmistificar um dos pontos de quem é a contra este tipo de parceria. Segundo ele, a nova parceira pode ajudar a controlar um dos maiores desafios da gestão no Turvo: o de atropelamento de animais selvagens.

“No trajeto até o Salto, as pessoas entram com o próprio automóvel e muitas vezes não respeitam limite de velocidade, o que é muito prejudicial para os animais. Estamos em uma área de preservação, o espaço é dos animais. A parceria tem o plano de que o transporte seja feito apenas por veículos do Parque, o que vai auxiliar nesta proteção”, explica o gestor.

“A relação tem sido muito boa, tudo muito conversado. A parceira tem ideias, apresenta o projeto e nós fazemos uma avaliação criteriosa. O diálogo tem sido ótimo”, complementa.

A visitação no Parque Estadual do Turvo

Dos mais de 17 mil hectares do Parque, menos de 1% está aberto à visitação (e é a parte que está dentro da área em que a parceria atua). Todo o restante da Unidade funciona para pesquisa e conservação.

Diversas atividades podem ser realizadas nas dependências do Turvo. As principais delas são as seguintes:

Salto do Yucumã.

É, sem dúvida, o principal ponto turístico – não só do Parque Estadual do Turvo como de todo o Noroeste gaúcho. E a visão das quedas d´água é realmente de cair o queixo. A partir do Centro de Visitante, são cerca de 15km de estrada de terra até as proximidades do Salto.

O trajeto de carro já é um passeio inesquecível: matas exuberantes e vistas que vão ficar guardadas na retina por muito tempo. Com a companhia de um guia (incluso no roteiro), o caminho fica ainda mais rico, com informações de quem conhece a região.

Ao chegar, são cerca de 500m de trilha a pé até o Salto do Yucumã. O visual é superlativo ao longo do rio Uruguai, na divisa com a Argentina. É importante sempre lembrar: as quedas d’água variam de acordo com o nível do rio.

Trilha das Lagoas

Quem gosta de trilhas, a opção mais fácil é a das Lagoas. Com cerca de 1.300m, ela tem dificuldade moderada e passa por diversas lagoas com fauna e flora abundante. É ótima para observação de aves.

Trilha das Onças

Com dificuldade um pouco maior e com cerca de 1.500m, é um caminho em meio à floresta de Mata Atlântica, com toda a biodiversidade do local. E, sim, existem diversos mamíferos no Parque Estadual do Turvo, como antas, catetos, cotias, puma e onça-pintada.

Cicloturismo

Conhecer o Turvo em duas rodas também pode ser uma experiência inesquecível. O percurso tem cerca de 15km, com acompanhamento de carro de apoio. O visitante pode pedalar com a própria bicicleta ou alugar uma magrela no próprio Parque. 

Próximos passos no Parque Estadual do Turvo

Com a nova parceria público-privada, a Unidade deve contar com novidades nos próximos meses. Segundo Carlos Kuhn, existem diversos projetos com novas atividades a serem realizadas por turistas no Parque Estadual do Turvo. Veja aqui duas delas:

Observação de aves

O local já é um polo de encontro de observadores de aves no Rio Grande do Sul. Entretanto, a ideia é definir um roteiro – e, mais do que isso, um horário mais adequado para este público.

“Também sou observador de aves e, para que seja uma boa experiência, é preciso começar mais cedo. Está sendo desenvolvido um roteiro específico para este nicho”, lembra Carlos.

O Parque é o único no estado com avistamento de algumas aves como o gavião de penacho, por exemplo. Em fevereiro de 2024, inclusive, foi avistada uma harpia nas dependências do Turvo – depois de 5 anos sem ser vista. 

Atividades no rio

Outra novidade que deve começar nos próximos meses no Parque Estadual do Turvo é o passeio de barco pelo canal do rio – passando, nada mais nada menos, no entorno do Salto do Yucumã. A ideia é fazer algo similar ao que acontece em Foz do Iguaçu, conservando e valorizando as características únicas da região. Atualmente só é possível realizar este tipo de passeio no Turvo pelo lado argentino do rio.

Ainda sem previsão de acontecer, outra ideia é a realização de atividades de rafting no rio Turvo, que dá nome ao Parque.

Como chegar

A chegada ao Parque Estadual do Turvo é feita 100% por estrada asfaltada – o Centro de Visitantes está a menos de 10km do centro da cidade de Derrubadas. O Parque fica no Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina e próximo ao estado de Santa Catarina.