Conservação ambiental: como conhecer este universo muda o olhar sobre os parques nacionais?

Saiba o que mudou na visão do casal Letícia e Dennis, que já visitou 57 parques nacionais brasileiros no projeto Entre Parques

14/11/2023

Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba

“Sempre que a sociedade civil está envolvida com um parque, ele acaba sendo mais desenvolvido para o uso público, mais bem gerido e com uma consciência de conservação ambiental elevada”.

A frase acima reflete a percepção de Letícia Alves, que ao lado do companheiro Dennis Hyde criou o projeto Entre Parques, uma expedição para conhecer todos os 75 parques nacionais brasileiros.

Quando disse isso, ela já tinha conhecido nada menos do que 57 deles e estava se preparando para visitar o 58°: o Parque Nacional do Pico da Neblina/AM. Ou seja, é algo com base em aprendizados e vivências práticas, além do relacionamento com dezenas de pessoas nas cinco regiões brasileiras.

Mas como esse conhecimento prático sobre conservação ambiental nas Unidades de Conservação mudou a visão do casal ao longo destes 2 anos de jornada? É justamente sobre isso que vamos falar neste texto.

Se quiser conhecer as motivações e outros aprendizados do casal, clique aqui.

“Não tínhamos ideia de que isso iria acontecer quando começamos o projeto. Não conhecíamos o mundo da conservação ambiental, não sabíamos muito sobre o tema. Estamos tendo o privilégio de conhecer gestores e profissionais muito bons e carregando na bagagem esse conjunto de conhecimentos”, explica Dennis.

Parque Nacional de Ubajara (CE)

Conservação ambiental na prática

A percepção acumulada ao longo das visitas fez com que a dupla do Entre Parques pudesse ter a clareza de que a participação da sociedade civil, ao lado da equipe gestora da unidade, faz a diferença.

Isso envolve, inclusive, a questão de parcerias com a iniciativa privada, que por vezes é vista como salvação ou algo do tipo, sem que outros atores façam parte da empreitada.

“Acho que uma grande questão dos parques nacionais é essa. Já percorremos mais de 50 Unidades e existem muitos lugares em que a comunidade, e até mesmo pessoas da gestão ficam esperando a mágica das parcerias e concessões, imaginando que ela por si só vai trazer turistas”, lembra Letícia.

De acordo com a experiência da dupla, cada Parque Nacional visitado tem uma vocação turística específica – e o mais importante é conseguir entender quais são os públicos de interesse e dialogar com ele.

Parque Nacional da Furna Feia (RN)

Existem parques super bem estruturados para o uso público, outros com uma vocação maior para receber equipes de pesquisa científica. Pela experiência de Letícia e Dennis visitando e conversando com gestores, seja qual for o direcionamento, a participação da sociedade civil é fundamental – não só para visitação, mas também para a conservação ambiental.

“Quando a gestão tem um conhecimento muito amplo das unidades, traz um olhar passional aliado ao profissional, que consegue enxergar as singularidades. E estas têm um viés muito forte com o social, envolvendo a população local e trazendo as pessoas para serem protagonistas, como agentes de conservação ambiental e até da visitação”, exemplifica Letícia.  

A importância da participação social

A visitação é parte do que chamamos de ciclo virtuoso das Unidades de Conservação, ao lado da geração de renda e, claro, da conservação ambiental. Falamos mais detalhadamente sobre o tema aqui, mas Dennis lembra mais uma vez que a oportunidade de conhecer mais de perto a realidade do ICMBio e de diversos parques fez com que eles tivessem clareza de que as pessoas da comunidade do entorno realmente devem ser parte do processo.

Parque Nacional do Caparaó (ES/MG)

Ele lembra, como exemplo, o que vivenciaram no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos/AM, em que um grande grupo de voluntários locais recebe treinamento junto da equipe gestora e parceiros. Segundo ele, esta participação social foi vista em muitos lugares, em parques com parcerias privadas e em parques sem parcerias. Em comum, uma gestão mais bem desenvolvida.

“Não só na questão do uso público e da conservação ambiental, mas também da compreensão de que o parque é de todas as pessoas. E que isso movimenta a roda, gera renda e abre novas possibilidades”, comenta Dennis.

Outro ponto da participação popular no dia a dia de uma Unidade de Conservação são o conhecimento e a paixão que as pessoas do entorno têm pela região.

“Entendo que é importante criar esse vínculo com as pessoas da comunidade local, porque são pessoas que se sentem literalmente em casa quando estão no parque. E são elas que vão ser as guardiãs ao longo do tempo”, finaliza Letícia.  

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