Conheça o Parque Nacional da Serra da Capivara

Protetor da Caatinga, o parque surpreende pelas paisagens naturais e registros pré-históricos que remontam a história do homo sapiens. Confira!

05/08/2021

Se você planeja visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara, prepare-se para viver uma verdadeira viagem pela história da humanidade!

Situado no semiárido nordestino, o parque impressiona pelas paisagens naturais, constituídas por grandes paredões rochosos, cânions, planícies e serras que abrigam vestígios do homo sapiens, datados há mais de 50 mil anos.

Conforme explica a gestora do parque, Marian Rodrigues, a criação dessa unidade de conservação está diretamente ligada com as investigações pioneiras da arqueóloga Niède Guidon, considerada uma das grandes cientistas brasileiras e guardiã da Serra da Capivara. Durante a década de 1970, junto a outros arqueólogos brasileiros e franceses, Niède descobriu nessa região a existência de fósseis, ferramentas e pinturas rupestres que remontam à chegada do homo sapiens às Américas.

“As descobertas impactaram a comunidade científica, porque os vestígios encontrados dão subsídios para contestar a teoria de que o homem havia entrado no continente americano pelo estreito de Bering”, explica a gestora do parque.

Tamanha revelação sobre a história da humanidade aliada a grande presença de sítios arqueológicos foram determinantes para que, em 1979, a área se transformasse no Parque Nacional da Serra da Capivara. Anos depois, em 1990, o espaço de proteção foi ampliado com a criação de Áreas de Preservação Permanente adjacentes, que totalizam 35 mil hectares.

Pelo seu valor histórico e ambiental, o parque foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1991, e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1993. Atualmente, é reconhecido por possuir a maior concentração de sítios arqueológicos das Américas – são quase 800 sítios dentro do parque, dos quais 170 estão abertos à visitação, sendo que 16 contam com infraestrutura para acessibilidade de cadeirantes.

É também neste parque que encontramos uma das maiores quantidades de sítios pré-históricos do mundo por quilômetro quadrado. Nesses locais, concentrados na região da Serra Branca, é possível observar os lugares onde viviam antigos maniçobeiros até meados do século XX.

O Parque Nacional da Serra da Capivara é exemplar único no mundo! Aqui nós preservamos vestígios da ocupação humana tão remota ao nosso tempo […]. Então, visitando essa região, viajamos pela nossa história, conhecemos as nossas origens – ressalta Marian.

Um guardião da Caatinga no coração do Piauí

Além do valor arqueológico, o parque abriga um patrimônio ambiental genuinamente brasileiro, que é a Caatinga. De acordo com o Iphan, essa unidade de conservação está entre os dez parques nacionais que conservam esse bioma, totalizando quase 40% da Caatinga protegida no país.

A variação climática da região, que transita entre estiagens prolongadas e chuvas torrenciais, recria paisagens que impressionam turistas. Nos tempos de chuva, que acontecem com mais frequência entre novembro e março, é possível contemplar uma vegetação exuberante no parque, com jardins rupestres e a floração de plantas nativas.

Ao fim dessa época, o clima fica mais quente e seco, e uma nova paisagem toma conta do parque. As folhas secam e caem, os troncos das árvores se retorcem, ficam cobertos de espinhos e a vegetação surge em uma tonalidade mais esbranquiçada, gerando uma “mata branca”, denominação criada pelos indígenas que dá origem ao nome da Caatinga.

A diversidade da flora e fauna do parque também chamam a atenção de estudantes e pesquisadores do mundo inteiro. Marian explica que, dentro da unidade, existem espécies endêmicas preservadas e resquícios primários da Caatinga.

“Hoje, o parque abriga mais de 600 espécies de vegetação endêmica da Caatinga e quase 300 espécies de animais entre mamíferos, aves, anfíbios e répteis. Alguns deles, inclusive, estão ameaçados de extinção, como a onça-pintada e o tatu-bola”.

A conservação desses ecossistemas conta com o apoio especial da comunidade local, que atua diretamente nas atividades de turismo e na produção de artesanatos. Como elucida a gestora do parque, esse engajamento é fruto de um extensivo trabalho de sensibilização, aproximação e conscientização junto às famílias que moram no entorno do parque, especialmente entre as novas gerações.

Exemplo disso é a iniciativa pioneira de inserção da disciplina “Parque Nacional da Serra da Capivara” no currículo da educação básica das escolas municipais de Coronel José Dias, cidade que abarca a maior área dessa unidade de conservação. Marian, que também é educadora no município, percebe no dia a dia como o conhecimento adquirido pelas crianças é transmitido às gerações mais antigas e reverberado por toda a família em ações de cuidado com o parque.

“As crianças estudam sobre a importância do parque tanto arqueológica quanto ambiental e cultural. E isso também tem contribuído bastante para que a comunidade se aproprie mais e dê mais importância ao parque”.

Ideal para amantes do ecoturismo e destinos culturais

De acordo com o ICMBio, o Parque Nacional da Serra da Capivara registrou quase 30 mil visitas em 2019, sendo um destino procurado para o turismo científico, cultural e para o ecoturismo. Embora o número de visitações tenha crescido nos últimos anos, a gestora do parque acredita que há um potencial turístico a ser desenvolvido na região, uma vez que o parque tem capacidade para receber ainda mais visitantes.

Dentre os principais atrativos dessa unidade de conservação, estão os circuitos e trilhas que levam aos sítios arqueológicos e históricos, como o circuito Baixão das Mulheres, que vai até a Toca dos Coqueiros, onde foi descoberto o esqueleto humano datado há quase 10 mil anos, e o Desfiladeiro da Capivara, um dos circuitos mais visitados pelos turistas que querem observar as pinturas rupestres. Por lá, é possível caminhar entre os paredões rochosos e contemplar uma vista inigualável no Sítio Toca da Entrada do Baixão da Vaca.

Para quem for pela primeira vez ao parque, Marian aconselha: “não deixe de conhecer a Pedra Furada e o Boqueirão da Pedra Furada”. O primeiro é visto como o cartão-postal e um recanto sagrado do parque por contar com um monumento geológico que fascina turistas do mundo inteiro. Já o Boqueirão se destaca pela quantidade de pinturas rupestres que abriga – são mais de mil –, entre elas, o famoso registro da cena do beijo.

E para as pessoas que curtem uma adrenalina sobre rodas, o parque oferece diversas trilhas para passeios de bike. Para isso, é preciso levar a sua própria bicicleta, pois o parque não possui serviço de aluguel/bicicletário. Com relação às visitações e atividades esportivas como o cicloturismo, orienta-se contar com a condução de guias credenciados, que podem ser acessados aqui.

Dentro do parque há ainda dois atrativos culturais. Um deles é o Museu do Homem Americano, onde adentramos em uma viagem pelo tempo! O seu acervo é resultado de mais de quatro décadas de pesquisas realizadas na região e neste local é possível conhecer a história da escavação arqueológica do Boqueirão da Pedra, observar instrumentos pré-históricos, ossadas, imagens rupestres e amostras atuais da biodiversidade do parque.

Complementar a essa passagem pela história da humanidade, temos o recém-inaugurado Museu da Natureza. O espaço conta a história do surgimento do universo até os tempos atuais por meio de experiências multissensoriais, mostrando também a evolução da natureza existente na região. O entorno do parque traz ainda outros atrativos, principalmente relacionados à venda de produtos cerâmicos da comunidade local, que unem as pinturas de milhares de anos atrás e as artes ancestrais de artesãos da região, passadas por várias gerações.

ESFERA ADMINISTRATIVA

Federal

DATA DE CRIAÇÃO:

5 de junho de 1979

ESTADO:

Piauí

MUNICÍPIOS:

Abrange as cidades de João Costa, Coronel José Dias, São Raimundo Nonato e Brejo do Piauí

BIOMA:

Caatinga

ÁREA TOTAL:

100 mil hectares + 35 mil de Áreas de Preservação Permanente adjacentes

INFORMAÇÕES SOBRE A VISITAÇÃO

ENTRADA

Gratuita

FUNCIONAMENTO:

Todos os dias, das 7h as 17h

MAIS INFORMAÇÕES:

(89) 3582-2085
[email protected]

Para conseguir aproveitar todas as experiências que o parque oferece, é preciso reservar, no mínimo, cinco a seis dias, diz Marian. Na bagagem de volta, certamente não faltarão boas histórias, muitos afetos, registros espetaculares da natureza e uma outra mirada sobre a narrativa da humanidade.

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