Conheça os 7 princípios Leave No Trace e saiba como aplicar o mínimo impacto na natureza em suas viagens

Sete atitudes simples que ajudam a reduzir o impacto das suas viagens e tornam a visitação em parques mais responsável e sustentável

23/10/2025

Se conectar com a natureza é uma experiência transformadora, mas também uma grande responsabilidade. Cada passo em uma trilha, acampamento ou visita a um parque deixa marcas. O movimento Leave No Trace (Não Deixe Rastros, em tradução livre) nasceu nos Estados Unidos para minimizar os impactos da visitação de parques que crescia de forma acelerada e com efeitos negativos para a conservação dessas áreas. Em vez de limitar o uso, os princípios do Leave no Trace foram elaborados para ensinar e sensibilizar os visitantes de parques e garantir que a natureza possa ser usufruída por cada vez mais pessoas e por muito mais tempo.

Baseado em estudos científicos e décadas de prática em conservação, o programa Leave No Trace reúne sete princípios de mínimo impacto na natureza, aplicáveis a qualquer atividade ao ar livre, das trilhas rápidas em um parque urbano, ao lado da sua casa, até as expedições mais remotas, como uma trilha de longo curso que passa por diversas Unidades de Conservação.

Cada princípio propõe atitudes simples que, somadas, fazem toda a diferença para quem visita parques e outras áreas naturais. A seguir, conheça cada um deles e saiba como aplicar nas suas viagens e nas visitas aos Parques do Brasil. 

1. Planeje com antecedência e prepare-se

O primeiro passo para uma experiência sustentável começa antes da viagem. Planejar reduz riscos, evita ações que possam causar danos à natureza e proporciona uma viagem mais segura.

Se você vai visitar um parque, informe-se sobre o local: é permitido acampar? Há necessidade de autorização? Existem locais de restrição para proteger espécies? Essas respostas ajudam a ajustar o roteiro, o tamanho do grupo e os equipamentos necessários. Além disso, tenha sempre um plano B em caso de imprevistos climáticos.

2. Viaje e acampe em superfícies duráveis

Ao escolher onde caminhar ou montar acampamento, priorize locais que resistam ao impacto do pisoteio, idealmente aqueles já impactados e com menos vegetação. Em áreas com alta visitação, mantenha-se nas trilhas e acampe em locais já estabelecidos. Em regiões mais intocadas, se organize de forma que pise menos nos mesmo lugares, dispersando o impacto. No fim do acampamento, limpe tudo e não deixe sinais de que esteve ali, para permitir que a área se regenere.

Se uma pessoa sai da trilha, outras tendem a seguir o mesmo caminho. E o que era apenas um atalho pode se tornar um novo impacto permanente no solo e na vegetação. Em resumo, caminhe sempre pela trilha principal, sem abrir atalhos.

3. Descarte corretamente os resíduos

Uma das máximas desse princípio é: “o que você trouxe, leve de volta”. Isso inclui restos de comida, embalagens, bitucas de cigarro e até resíduos orgânicos. Queimar ou enterrar lixo pode atrair animais e causar contaminação. Vale um adendo: aquilo que você não puder levar de volta, descarte da melhor forma possível.

Para uma trilha mais longa, planeje as refeições, e se possível, elimine embalagens antes da viagem. Use sacos resistentes para armazenar o lixo até o retorno e, se quiser, leve recipientes separados para lixo orgânico e para os demais tipos de resíduos.

O cuidado com o lixo vai além das embalagens: também envolve como lidamos com os dejetos humanos. Em muitas trilhas ou áreas de acampamento não há banheiros, e isso exige atenção especial para garantir que o ambiente continue limpo e seguro. 

Nesses casos, quando precisar fazer o “número dois”, use a técnica chamada buraco de gato: escolha um local a pelo menos 60 metros de distância de rios ou lagos; cave um buraco com cerca de 20 centímetros de profundidade; faça suas necessidades; cubra com a própria terra; e espalhe folhas secas ou galhos por cima. Use água e sabão biodegradável para se limpar. Fazer dessa forma ajuda na decomposição e evita contaminação da água ou do solo. 

Também é possível usar a técnica do shit tube” (ou tubo de cocô). Ela consiste em armazenar os dejetos em um tubo — geralmente de PVC — para depois descartar de forma adequada. O processo é simples: faça suas necessidades sobre uma folha de papel ou saco plástico, jogue “cal virgem” por cima para reduzir odores e bactérias, feche o saco com cuidado e coloque-o dentro do tubo. Ao retornar da expedição, o conteúdo pode ser descartado em um vaso sanitário. Essa prática evita a contaminação do solo e mantém o ambiente limpo. Existem parques em que o uso shit tube é obrigatório; consulte sempre as regras do local. 

E o xixi? A urina causa pouco impacto, mas pode atrair animais curiosos em busca de sais minerais. Por isso, prefira fazê-lo em uma área ampla.

Tanto para o “número um” e “número dois” faça sempre longe de cursos d’água, área de passagem de pessoas e próximo às barracas do acampamento.

4. Deixe o que encontrar

Cada elemento natural tem um papel ecológico no espaço em que está inserido. Por isso, evite levar lembranças do ambiente, como pedras, flores, concha, ou outros objetos. A melhor recordação é a experiência, mas se você preferir ainda pode tirar fotos ou gravar vídeos. 

5. Minimize o impacto das fogueiras

As fogueiras estão entre as maiores causas de degradação e incêndios em áreas naturais. Sempre que possível, use fogareiros portáteis. Se for realmente necessário acender uma fogueira em situação de emergência, escolha locais seguros, como áreas de areia ou cerque o local com pedras (nunca acenda sobre a vegetação). Além disso, siga sempre as técnicas corretas para minimizar o impacto: queime completamente as cinzas e espalhe-as antes de deixar o local.

6. Respeite a vida selvagem

A observação de vida silvestre é uma das atividades que é possível praticar nos parques, mas deve ser feita com respeito. Aproximar-se, alimentar ou assustar a fauna pode alterar seus hábitos e colocar em risco tanto os animais quanto os visitantes. Manter a distância e evitar ruídos, além de serem atitudes respeitosas, também ajudam a ter uma experiência melhor. 

7. Tenha consideração pelos outros

A ética permeia todos os princípios Leave No Trace e também se aplica à convivência entre as pessoas. Quando visitamos um parque, dificilmente estaremos sem a companhia de outros seres humanos, por isso o respeito aos outros visitantes garante uma experiência positiva para todas as pessoas.

Seja cordial e mantenha o silêncio para que todos apreciem a natureza, evite bloquear trilhas ou ocupar áreas de descanso e, claro, compartilhe conhecimento e incentive boas práticas.

Quer se aprofundar? Conheça os cursos da OBB

Ao colocar o Leave No Trace em prática, você ajuda a proteger as Unidades de Conservação e a garantir que as experiências ao ar livre continuem acessíveis e sustentáveis.

Se você quer ir além e se tornar um multiplicador dessas práticas, a OBB (Outward Bound Brasil) oferece o curso Leave No Trace Instrutor nível 1, em parceria com o Gear Tips. O curso ensina técnicas de mínimo impacto e capacita pessoas para ministrar workshops e palestras sobre o tema, formando instrutores certificados internacionalmente. 

A Outward Bound é uma organização sem fins lucrativos pioneira na educação experiencial ao ar livre, oferecendo programas em formato de expedição para crianças, adolescentes e adultos descobrirem todo seu potencial por meio de experiências transformadoras na natureza. 

É uma oportunidade de desenvolver habilidades, atuar com responsabilidade em atividades de turismo de natureza e inspirar mais pessoas a deixar apenas pegadas e levar apenas memórias.

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