O Instituto Semeia, através de seus colaboradores, vem manifestar sua solidariedade aos milhares de brasileiros que sofrem com a perda de entes queridos e aos milhões que se tornaram vulneráveis, sem condições mínimas de levar renda e conforto para suas famílias. Esta tragédia, chamada Covid-19, alcançou o mundo como um todo, mas teve um impacto ainda maior no Brasil, nos alertando sobre a falta de resposta da máquina pública, a evidência da vergonhosa desigualdade que toleramos em nossa sociedade, e a pouca educação de um povo que, em grande parte, não foi capaz de compreender a importância e de pôr em prática as medidas de segurança e isolamento, fato agravado pelo comportamento de lideranças que desprezam as orientações da Ciência.
Mesmo em meio a esse contexto delicado, que levou parques e demais unidades de conservação a terem suas atividades suspensas por muitos meses, além de redução no orçamento de gastos necessários a sua manutenção e preservação, seguimos trabalhando intensamente no nosso projeto, que, mais agora do que em tempos passados, acreditamos que contribuirá com a recuperação social e econômica, com a melhoria da qualidade de vida do nosso povo e a projeção positiva da imagem do nosso país no exterior na área ambiental. Estes são os elementos que nos fazem acordar cedo com a energia necessária para fazer sempre melhor, visualizando um Brasil que traz esperança para todos os brasileiros.
Em 2020, celebramos a expansão de programas de parcerias e concessões, nos três níveis da federação, envolvendo parques naturais e urbanos, como instrumentos de apoio ao poder público para a conservação e a oferta de mais e melhores serviços à população. Licitações como a do Parque Nacional de Aparados da Serra (Governo Federal), do Núcleo Caminhos do Mar do Parque Estadual Serra do Mar (Estado de São Paulo), e do Parque da Orla do Rio Guaíba (Porto Alegre) são exemplos que ilustram essa evolução.
Essa tendência deve ser aprofundada com o engajamento de novos atores, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, em parceria com o Semeia, iniciou um amplo programa de apoio a governos estaduais para a estruturação de parcerias em parques. Também seguimos acompanhando e contribuindo com os projetos do PPI, que, no ano passado, qualificou mais nove unidades de conservação federais em seu programa de concessão, alçando nossos parques ao status de projetos estratégicos do país.
A busca por novos modelos de gestão de áreas protegidas requer um diálogo amplo, e, dentre as iniciativas do Semeia em 2020, destacamos o lançamento de estudos como Parques&Sociedade e a série de webinars SemeiaLive, em que discutimos turismo, visitação, saúde pública, diversidade, voluntariado e outras questões relevantes aos parques, reforçando nosso papel de articulação e diálogo com os mais diversos públicos.
Com esse mesmo propósito, temos cada vez mais nos dedicado a acompanhar a gestão dos parques, apontar melhores práticas, sugerir correções de rumos e, sobretudo, enriquecer e qualificar o debate público transparente com os múltiplos stakeholders envolvidos. Em ação conjunta com o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), lançamos a publicação Parques para Todas e Todos – Sugestões para a Implantação de Parques Urbanos Com Perspectiva de Gênero, uma ferramenta para inspirar a construção de áreas verdes mais diversas. Com a Coalizão Pró-UC, participamos de mais uma edição da campanha “Um Dia no Parque”, que, em 2020, contou com uma programação on-line.
E, à vista dos desafios enfrentados durante a pandemia, também decidimos desenvolver ações paralelas a nossa causa para minimizar os impactos dessa crise sobre a sociedade, já que, além do nosso senso de responsabilidade como instituição de impacto, a visitação aos parques depende, antes de tudo, de uma volta à normalidade. Em parceria com importantes instituições dedicadas à saúde pública, apoiamos, dentre outras ações, o estudo SoroEpi, projeto de monitoramento da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Enfim, 2020 foi um ano atípico e desafiador, mas que reforçou o compromisso do Semeia em transformar nossos parques em motivo de orgulho para brasileiros e brasileiras. Continuaremos atentos às oportunidades de melhorias institucionais e aos marcos regulatórios necessários para garantir a eficiência e a implementação de novos modelos de gestão, além de contribuir com iniciativas que possam acelerar e concretizar as parcerias público-privadas, para que a população tenha mais acesso a esse importante patrimônio natural.
O capital natural do Brasil deve, cada vez mais, ser pilar estratégico e direcionador do desenvolvimento socioeconômico do país. A guinada que temos visto no mundo a partir das eleições nos Estados Unidos e da retomada de compromissos ambientais por grandes potências mundiais só reafirma a importância de pensarmos uma agenda ambiental moderna e estratégica, compatível com as demandas do século XXI. Para isso, estaremos sempre prontos para apoiar governos e sociedade civil a tornar essa ambição uma realidade.