Como registrou o estudo Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil, esses espaços podem gerar 1 milhão de empregos e movimentar anualmente R$44 bilhões. Para além do impacto econômico, a valorização destas áreas está diretamente relacionada ao reconhecimento de toda a sociedade do valor dos serviços ambientais, fundamentais para nossa sobrevivência, e da conscientização de que as unidades de conservação e os espaços verdes urbanos desempenham papel vital para o equilíbrio e a resiliência do planeta e para a qualidade de vida das pessoas. Tal contexto fortalece ainda mais a necessidade de se pensar soluções inovadoras para superarmos juntos os desafios socioambientais que o mundo enfrenta.
Em 2022, nosso Mapa das Parcerias acumulou 41 parcerias licitadas desde 2012, muitas já em operação, que mobilizarão investimentos estimados em cerca de 1,4 bilhão de reais, com previsão de geração de mais de 23 bilhões em receita nos próximos 40 anos. E as perspectivas seguem promissoras com 68 parques (14 nacionais, 28 estaduais e 26 municipais) com parcerias em processo de estruturação. Especificamente no ano passado, foram registrados avanços relevantes de cooperações do gênero nos parques urbanos do Estado de São Paulo (Água Branca, Villa Lobos e Cândido Portinari), além de parques naturais icônicos, como Caracol, Tainhas e Turvo (Rio Grande do Sul), Ibitipoca e Itacolimi (Minas Gerais) e Conduru (Bahia).
Também houve, no âmbito federal, a renovação da concessão de Iguaçu, que incorporou e deu visibilidade a importantes inovações acrescidas nas parcerias nos últimos anos. Um progresso essencial para que elas se fortaleçam cada vez mais como veículos indutores de políticas de conservação e de desenvolvimento.
Os reflexos desse processo podem ser mensurados pelo grande aumento dos atores interessados em investir nos projetos, demonstrando que economia e meio ambiente podem sim caminhar juntos por um futuro mais verde, justo e sustentável. É possível ainda identificar a evolução na regulação desses projetos, de modo a facilitar a integração dos espaços naturais com seu entorno, favorecendo ações de promoção da conservação e do desenvolvimento das comunidades locais.
Como se vê são vários avanços e, muitos deles, frutos do esforço conjunto do Semeia com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que além dos parques, contemplou o apoio ao Serviço Florestal Brasileiro na elaboração de oito projetos de concessão em florestas na Amazônia e Mata Atlântica. Uma nova frente de trabalho que tem levado o Semeia cada vez mais a se aproximar dos círculos de debate como a Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, em complemento ao trabalho já realizado com outras entidades e coletivos de referência, caso da Coalizão Pró-UC.
Com a missão de transformar as áreas protegidas em motivo de orgulho para todos os brasileiros, acreditamos que estamos construindo as bases para ampliar significativamente o contato da população com os parques naturais e urbanos. Para além de garantir investimentos, boa gestão e governança, também almejamos contribuir para que a visitação a tais espaços caia no gosto e na rotina das pessoas.
Da mesma forma, entendemos como de fundamental importância a qualificação e fortalecimento dos órgãos gestores, a quem temos apoiado com capacitação e conhecimento especializado sobre os meandros da gestão contratual das parcerias. Ao mesmo tempo, buscamos monitorar os impactos das diversas iniciativas conduzidas em nossos parques e florestas. Temos trabalhado para produzir, sistematizar e divulgar conhecimento para aprimorar políticas públicas e fomentar o debate qualificado sobre o tema junto à sociedade.
Em 2022 desenvolvemos ações como o estudo Potencializando Parques, que evidencia a necessidade de melhorar a experiência dos visitantes, por meio do entendimento das diferentes personas dos usuários; e o diagnóstico Parques e Pandemia, que buscou entender o impacto do distanciamento social na conexão dos brasileiros com a natureza e na sua qualidade de vida. Também demos sequência à terceira edição da pesquisa Parques do Brasil: Percepções da População 2022, que visa mapear e apresentar o sentimento dos brasileiros sobre esses espaços, além de identificar motivações e barreiras para a visitação.
Nossa qualidade de vida depende da harmonia com a natureza que nos cerca e da qual fazemos parte. Por isso, nosso compromisso é contribuir para a melhoria da gestão das unidades de conservação, fortalecendo a proteção da biodiversidade, a saúde e o bem-estar da população. Assim, e somente assim, poderemos transformar nosso patrimônio ambiental em vetor de desenvolvimento socioeconômico sustentável.