Conheça os benefícios dos banhos de floresta para o corpo e a mente humana

De origem japonesa, a prática tem efeitos cientificamente comprovados que reforçam o poder medicinal das florestas

05/06/2021

Os banhos de florestas têm se popularizado pelo mundo inteiro e já possuem efeitos comprovados pela ciência. Foto: Parque Nacional Białowieża, na Polônia / Katarzyna Sim - Wikipédia.

Conheça os benefícios dos banhos de floresta para o corpo e a mente humana

De origem japonesa, a prática tem efeitos cientificamente comprovados que reforçam o poder medicinal das florestas

A imagem mostra uma floresta com céu azul.
Os banhos de florestas são uma prática medicinal terapêutica que promove interação e conexão entre o ser humano e a natureza (Foto: Floresta da Tijuca (RJ) / Mathieu Marquer CCBY-SA 2.0).(Foto: Floresta da Tijuca (RJ) / Mathieu Marquer)

É muito comum as pessoas dizerem que estão precisando de um banho de mar ou de cachoeira para desacelerar e acalmar os ânimos. E um “banho de floresta”, você já ouviu falar? Criado pela agência florestal do Japão no início dos anos 80, o shinrin-yoku (expressão japonesa para banho de floresta) é uma prática medicinal terapêutica que promove interação e conexão profunda entre o ser humano e a natureza, com efeitos que refletem significativamente na saúde e no bem-estar do corpo e da mente.

Conforme elucida o psicólogo Marco Carvalho Bilibio, diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, a realização dessa prática nos convida a exercitar um estado de atenção plena e quietude em meio às áreas verdes, longe dos gadgets que nos acompanham diariamente: “Um banho de floresta é ir à floresta não apenas para estar nela, mas para estar com ela. Não é necessário percorrer grandes distâncias ou ter qualquer meta fixa, o importante é estar lá e da forma mais relaxada e atenta possível”. Caminhar lentamente entre as paisagens naturais, escutar os sons dos pássaros e do movimento das folhas nas árvores, explorar e sentir o toque e o aroma das plantas são algumas das experimentações dessa prática, que pode ser feita a sós ou em pequenos grupos, com a ajuda de um guia de banho de floresta.

Estudos japoneses e outras pesquisas realizadas em diversos países do mundo já reconhecem o poder medicinal das florestas. Um dia de passeio nessas áreas verdes, por exemplo, contribui para fortalecer o sistema imunológico, aumentando em até 50% a atividade antitumoral realizada pelas células NK (natural killers), sendo que esse aumento pode persistir por até uma semana.

“Uma das razões para tais efeitos é que essas células se multiplicaram e se fortaleceram quando, em testes in vitro, foram postas em contato com fito-hormônios, que cumprem importantes funções na regulação e no desenvolvimento das plantas e são liberados por elas nos ambientes. Uma floresta é uma festa de cheiros, e os diferentes odores liberados pelas folhas das árvores carregam esses fito-hormônios”, explica Marco.

Ele ainda ressalta os efeitos dos banhos de floresta sobre a redução do estresse, da pressão arterial e do ritmo cardíaco, promovendo uma sensação de energização e relaxamento do corpo e da mente. E sob a perspectiva psicológica, essa prática apresenta eficácia no combate a depressão, ansiedade e outros transtornos psicossomáticos, além de ajudar a melhorar o humor, a concentração e a regular o sono. “Tanto do ponto de vista orgânico como do ponto de vista afetivo e subjetivo, as florestas, que foram o cenário de interações na evolução de nossa espécie, revelam um enorme potencial terapêutico, o que nos ajuda a entender o que os antigos diziam: a natureza cura”.

Pelo mundo afora, especialmente em países onde existe uma forte cultura de valorização das áreas verdes, os banhos de florestas já são considerados uma forma de medicina preventiva e até integram as políticas de saúde pública, a exemplo do Japão, seu local de origem.

No contexto brasileiro, já existem iniciativas, ainda em estágios preliminares, com o intuito de disseminar e consolidar essa prática junto às unidades de conservação do país. Para Marco, além do esforço mútuo entre pesquisadores, profissionais da saúde, do meio ambiente e do poder público para viabilizar tais ações e fomentar políticas públicas que contemplem essa prática, é necessário ainda haver uma ressignificação cultural que coloque as nossas relações com as florestas e os ecossistemas naturais no patamar de importância que verdadeiramente possuem para a sociedade. “Nesse sentido, tudo converge para uma intensa revaloração das florestas: saúde orgânica, saúde mental e combate às mudanças climáticas estão profundamente interconectadas”, conclui o especialista. 

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